Se o meio digital ainda não é muito confortável para a literatura, eu diria que para os quadrinhos ele tem sido uma mãe.
A primeira postagem desta coluna tinha que ser sobre uma das HQs do maior incentivador dos quadrinhos online, o quadrinista Scott McCloud.
A visão que eu tenho das HQs digitais é a mesma de McCloud. HQs com todo um layout adaptado ao meio digital e fazendo uso de recursos de interação. Tudo para fazer sua leitura mais agradável e original. Não apenas algo adaptado de outra mídia.
Em seu site e blog, McCloud tem inúmeros textos de falando sobre como fazer e quais os prós e contras de se criar HQs digitais, ou online comics como ele chama. Muitos deles em forma de quadrinhos então, se você sabe inglês o suficiente, eu recomendo a leitura.
Ele inclusive já escreveu 3 livros teóricos sobre o tema e abordando quadrinhos em geral. Versões mais atuais do “Quadrinhos e Arte Seqüencial” do Will Eisner.
Talvez você já tenha lido alguma vez uma HQ tradicional no computador (scaneada ou não). Independente da qualidade da obra, depois de um tempo a vontade de ter em mãos e folheá-la é preponderante, e a leitura acaba cansando um pouco, principalmente se não dispomos de um laptop para podermos nos acomodar num lugar mais confortável que a cadeira do computador. Os quadrinhos digitais visam acabar com este desconforto de ler algo de forma improvisada e trazer novas formas de se narrar uma história em quadrinhos.
The Carl Comics foi uma das primeiras HQs digitais que li e uma das que mais me interessou, em muito devido a narrativa. As histórias em si são um mero pretexto para exercitar uma narrativa com múltiplos desdobramentos simultâneos.
Além, da possibilidade de ir clicando aos poucos e ver a mesma história sendo contada de diversas formas, tendo em comum apenas os primeiro e último quadros.
Uma HQ digital de raiz eu diria.
Nesta coluna darei preferência a este tipo de HQ. Quadrinhos que para serem lidos em outras mídias talvez provoquem um desconforto similar ao que sentimos ao ler uma HQ impressa no computador.
Mas também abordarei HQs e tirinhas que são publicadas internet afora.
Toda uma nova geração de quadrinistas surgiu de publicações em páginas próprias, encontrando na internet o espaço que não obtinham nos jornais e revistas.
Alguns ganharam versões impressas, outros seguiram fazendo sucesso apenas na rede e muitos ainda surgem, para exibir sua arte de forma gratuita a milhares.
Jabá de oportunidade! http://www.paragons.com.br/2009/08/resenha-desvendando-os-quadrinhos/
Os três livros sobre quadrinhos de McCloud são mesmo muito bons. E a webcomic parece bem interessante!
Acho essa discussão muito pertinente, parabéns pelo post.
Como um dos “alunos” do Scott Mcloud (coloco entre aspas porque só escrevo, não desenho), também concordo que Hq digital tem que ter seus próprios métodos.
Criar uma hq do modo convencional e disponibilizar na Internet é quase o mesmo que adaptar um livro para o cinema apenas lendo o livro de cabo a rabo enquanto as imagens vão aparecendo na tela. É preciso analisar o meio e encontrar formas de se maximizar suas vantagens e tirar proveito das suas desvantagens, assim como é toda criação para um meio específico.
Acho ainda que as hqs online precisam evoluir muito para poder serem chamadas de “Hqs online” no estrito senso da palavra. De qualquer maneira, para nós, brasileiros, é uma ótima oportunidade de fazer parte de uma corrente que é uma tendência pro futuro (e para nós é mais fácil e mais vantajoso do que publicar HQ impressa. Não tem a mesma graça, mas é menos custoso, pelo menos…
Belo artigo Carlos, e bem vindo ao Ambrosia 😀