O italiano Stefano Raffaele saiu de seu país e chamou a atenção por seus trabalhos nos quadrinhos norte-americanos, ilustrando Eternal Warrior, X0 Manowar pela Valiant, Novos Deuses, Birds of Prey, Batman pela DC, Conan, o Bárbaro, X-Men, X-Factor, Hawkeye pela Marvel e The Blackburne Covenant e HellBoy pela Dark Horse. Deixando de lado o mainstream estadunidense, retornou para o velho Continente e se virou para as editoras europeias, agarrando oportunidades de trabalhos com melhores prazos e mais páginas em cada álbum, Uma crítica que sempre fazia quando estava nos Estados Unidos. Atualmente, está trabalhando em três séries com o escritor Christophe Bec: “Prométhée”, “Deepwater Prison”, e um prequel para a conhecida “Sanctuaire”.
Recentemente retomou uma publicação que fez pelo selo Vertigo da DC Comics, que tinha o título de Fragile, e que agora ganha uma nova edição, Loving Dead lá fora pela Humanoids.
A narrativa trata de Alan, um simples carpinteiro que levava sua vida normal até que um acidente o mata. Porém, ele retorna, está entre os 95% da população do planeta que se tornam mortos-vivos peculiares, eles pensam, falam, tem sentimentos… Como em diversos outros cenários pós-apocalípticos há facções violentas, tanto de vivos e de mortos que pontilham a paisagem. Mas é neste mundo que Alan encontra a garota de seus sonhos, Lynn, uma jovem bonita, mas que passa pelo mesmo problema de todos os mortos, a deterioração. E como seus corpos se desintegram rapidamente, Alan e Lynn fazem um último esforço desesperado para viver e amar de novo iniciando uma jornada atrás de um soro experimental que poderia salvá-los.
Uma história de amor entre dois zumbis, que buscam entender o que houve com o mundo. Alan e Lynn estão agora mais ligados a “vida” muito além do quando estiveram em vida. Seus corpos estão se decompondo e eles têm uma quantidade limitada de tempo para descobrir como o mundo se tornou o que é agora. No caminho, eles descobrem que o amor não tem barreiras físicas.
São só dois números, que já saíram por aqui, pelo selo Astral Comics, da editora Alto Astral. O primeiro volume, Amor Zumbi e o segundo volume, A cidade de Albertville, foram desenvolvidos bem antes do boom de The Walking Dead iniciou, e Raffaele lembra, em entrevista, que deste criança gostava do gênero horror e por um longo período de tempo queria escrever e desenhar uma história em que os personagens principais eram zumbis e, ao mesmo tempo, houvesse uma história de amor, mas de uma maneira particular. Combinando humor, elementos do gênero de terror, romance e emoção o autor conta uma história a partir da perspectiva dos zumbis.
Uma narrativa sobre renascimento e uma segunda chance, fora dos clichês do gênero, onde os protagonistas, os mocinhos, são os zumbis. A consciência dramática é a melhor parte das HQs, a outra é as ilustrações de traços simples, enquadramentos de ação em boa sintonia e um belo trabalho em preto e branco numa publicação que lembra muito as pulps, se não fosse o preço de capa, mas que vale pela trama e pelo olhar diferente para os clássicos mortos-vivos.