André Diniz é o quadrinista que mais respeito no Brasil, tanto pela pela qualidade de seu trabalho quanto pela sua postura e determinação. Autor de uma dezena de títulos e possuidor de outra dezena de prêmios, não possui nome badalado nas rodinhas cults e por isso muitas vezes é um coringa para o grande público, mas quem conhece quadrinhos sem dúvidas nutre admiração pelo autor.
Assim, com “Morro da Favela” em mãos, sabia que estava diante de mais uma bela graphic novell nacional – também com selo de qualidade Barba Negra e LeYa Brasil – e que seria complicado não desperdiçar o texto somente em elogios. Mas é basicamente isto que acabo fazendo, pois Morro da Favela realmente capturou meu interesse da primeira a última página.
Utilizando uma técnica em preto e brando de alto contraste, que lembra o mesmo tipo popularizado por Frank Miller em Sin City, André Diniz conta a trajetória do garoto Maurício Hora no “Morro da Favela”, hoje conhecido como “Morro da Providência” no Rio de Janeiro. Seguindo os passos de Maurício, sua história corre paralela com a história da ocupação desordenada nos morros cariocas e o surgimento da denominação favela para segmentar essa parcela da refugiada da sociedade. Mas a história também conta como Maurício conseguiu sua câmera fotográfica e correu o mundo, mesmo envolvido com o pai que se tornou também o bandido modelo que vemos regularmente nos noticiários, um plágio do filme “Cidade de Deus” caso não fosse verdade…
Mérito também de André Diniz está no roteiro, que ancorado pela arte do próprio autor, flui com tranquilidade em todos momentos da trama, mesmo naqueles que poderiam cair nos clichês de histórias de brasileiros sofridos. Realmente não é o caso, pois Morro da Favela ao mesmo tempo que fala do sofrimento e miséria de boa parte da população carioca, o faz com aquela simplicidade tão característica das pessoas que não deixam o mundo lhes engolir. Fica a recomendação.
[xrr rating=4/5]
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