Por que não se publica quadrinhos europeus no Brasil?
Será falta de qualidade ou talvez este tipo de material não possua apelo comercial?
Vivemos na era da imagem, não se pode negar seu domínio absoluto em todas as camadas de nossa sociedade, a lógica diz que os consumidores deste tipo de mídia gostam de boa histórias e visual impactante, que pessoas de gostos mais refinados preferem HQs com mais densidade literária, que outsider tem especial predileção por HQs anárquicas e combativas, coisas que o mercado europeu tem de sobra e de muita qualidade. Custo a acreditar que do ponto de vista criativo, Passageiros do Vento de François Burgeon, a trilogia Nikopol de Enki Bilal, o Lama Branco de Jodorowski, Alack Sinners de Munhoz e Sampaio e mais dezenas que não lembro o nome, percam em importância e qualidade para muitas coisas americanas que nossas editoras lançam.
Fico pensando: será que Luluzinha merece mais espaço do que Mortadelo e Salaminho? Que Neal Adams é melhor artista do que Jean Claude Gal? Que John byrne é mais importante do que Moébius? Claro que essas comparações são meramente ilustrativas para mostrar ao leitor a falta de visão de nosso mercado editorial, diferente dos Estados Unidos, Japão e Europa, não produzimos, e nem criamos tendências nessa área, somos basicamente um mercado consumidor, daí a falta de lógica essa ausência das bds, todos nós sabemos que super-heróis não andam lá essas coisas nas bancas e livrarias e é fato a supremacia dos mangás nas bancas e materiais de temáticas diferenciadas nas livrarias. Será que o Mercenário de Vincente Segrelles com suas tramas recheadas de fantasia medieval e com uma arte pintada de grande beleza visual não cairia no gosto de fãs de Senhor dos Anéis, de Conan, e jogadores de RPG?
Eu acho que sim, assim como Peter Punk faria a alegria de rockeiros e descoladinhos em geral, tenho certeza que Anarcoma de Nazário faria muito sucesso entre o publico GLS, assim como as bds temáticas de arquitetura experimental de François Schuiten seria apreciado por profissionais e artistas gráficos de varias áreas, o que dizer das bds ofensivas e politicamente incorretas de Vuilleiman que faz o nosso Marcatti parecer um monge beneditino, ou seja, as opções são bem variadas e de grande potencial financeiro. Nossas editoras precisam acordar para uma questão muito importante: o público consumidor cresce a cada dia, mas essa renovação de público não esta vindo de HQs de super-herói, e sim de mangás e alguns materiais diferenciado como manwas e adaptações de games e filmes, logo o próximo passo dificilmente será eles se voltarem para gibis de super heróis com suas cronologias intermináveis, por que mangás e adaptações têm começo meio e fim, e a molecada de hoje são mais espertas, eles sabem que não é só preto no branco, são cabecinhas difíceis de empurrar os discursos maniqueístas do Capitão America, Superman e companhia colorida, são novos tempos e quem não se adapta corre o risco de ficar para trás.