Esse possivelmente é o título mais estranho que já escrevi na minha vida (e olha que eu já assinei uma matéria que continha as palavras “Mulher-Maçã” e “iPhone”), mas eu juro que tudo isso faz sentido e tem relação.
Como vocês bem devem saber (afinal, o Ambrosia noticiou e tudo) o gibi do Homem-Aranha foi renumerado pela sua terceira vez na fase da Panini. A primeira se encerrou para iniciar a fase do Superior Homem-Aranha (aquela em que Dr. Octopus ocupou a mente do Peter Parker),e a segunda terminou exatamente após o fim dessa fase. Sendo assim, Homem-Aranha #1 mostra a primeira edição após Peter Parker pegar o controle do seu corpo e tentar entender o que se passa em seu universo.
Em paralelo a isso, faziam anos que não acompanhava as histórias mensais do Homem-Aranha. Acho que a última ainda nem tinha acontecido o pacto com o Mephisto. Sério mesmo! Acho que parei exatamente quando o Aranha estava usando aquela armadura na Guerra Civil. Sendo assim, eu possivelmente estava mais perdido que o próprio personagem recém consciente.
E, sinceramente, a minha curiosidade para o retorno de Peter Parker era mínima. Quase zero. Mas a Panini decidiu fazer uma espécie de “Você decide” (você lembra dessa série? Então você é velho que nem eu) com o gibi: foram lançadas a mesma edição em dois tipos diferentes de papel: um com aquele papel vagabundão, de gibi mensal normal, ou aquele LWC, que tem naqueles encadernados mais bacanudos, custando 1 real a mais. Isso vai servir para saber o que o público brasileiro de mensais mais quer. Apesar de não ser mais leitor do gibi, resolvi “dar meu voto”, mas eu estou me adiantando do terceiro tópico. Desculpem por isso. Voltemos ao Homem-Aranha…
Eu já comprei o gibi sabendo que eu estaria perdido, mas parece que o Dan Slott (que já escreve para o Cabeça de Teia há muitos anos, mas eu li pouquíssimas coisas dele) já estava preparado para essa legião de leitores perdidos. Já que a Panini só aproveitou muito bem o fato da HQ na gringa recomeçar a contar do número 1. No caso, “O Espetacular Homem-Aranha #1” publica a “The Amazing Spider-Man #1”.
Falo isso do Dan Slott, pois a HQ já começa com – mais uma vez – a origem do herói, mas apresentam um elemento novo no caminho. A história passa para Peter Parker voltando a ser Homem-Aranha da maneira mais constrangedora possível (bem ao estilo clássico, lembrando até o Homem-Vergonha) enquanto tenta entender tudo o que o Doutor Octopus fez com sua vida. Até dividir o apartamento com uma mulézinha… Olhaí, veja você!
No meio do caminho coisas que eu não fazia a menor ideia… Como a nova formação dos Vingadores (que já sabe que o Peter é o Peter, o lance é o lance e o lance não é o romance), que o Homem de Ferro tem uma armadura preta e dourada e que o JJ Jamenson se tornou o prefeito (uaaaaaaat?), mas calma, tá tudo bem agora pois ele já saiu fora, mas também não está mais no jornal.
E é isso. A edição ainda mostra outras histórias curtas sobre a ótica de outros personagens buscando vingança do Aranha Octopus como o Electro e a Gata Negra. Além disso, tem mais uma história que ocorre meio que no ano 1 do Aranha, em que ele ainda está vivendo sua vida como talento da TV e ainda não combate o crime… A novidade é que ele agora tem um fã creepy gênio que filmou sua primeira apresentação e viralizou no YouTube. A história (que não conclui nessa edição, talvez na próxima ou na seguinte) é interessante, mas paradoxal a vera. Tipo, Peter Parker é aquele nerd típico dos anos 60, com o colégio naquele estilo, seus colegas também… E de repente tem esse garoto moderno com celular com câmera e YouTube? Como não modernizaram a parte do herói também, parecem que são dois períodos diferentes.
Foi divertido reler o Homem-Aranha, mas nada demais… Não me apeteceu a ponto de querer comprar as próximas edições. E isso leva para a segunda parte da nossa coluna.
Além do Aranha, o mutante mais odiado pelos haters da era anos 90, Deadpool, também começou a ser republicado a partir da primeira edição (pela terceira vez) com papel especial (dessa vez sem essa opção de escolher qual papel o consumidor prefere). Dessa vez, recebi o gibi pela própria Panini que disponibilizou algumas HQs para o Ambrosia e no meio das minhas preferências, ela foi parar lá. A vontade de ler era até menor que a do Homem-Aranha, mas resolvi dar uma chance para colocar nesta coluna… E não que a parada é boa?!
Quando eu li o gibi da Arlequina e comentei aqui na coluna, não consegui explicar porque ele não me apetecia. Mas comentei que uma das histórias me divertiu muito por lembrar um “desenho velho”. E essa mesma sensação me deu ao ler as 52 páginas de Deadpool #1: um desenho velho!
A trama é cheia de situações absurdas, diálogos cheio de referências e coadjuvantes muito mais engraçados que o próprio herói. Cheguei a rir alto com o Deadpool nocauteando o Ossos Cruzados (que já enfiou a porrada numa penca com super-herói da Marvel) com uma charrete e usando um chapéu! Pareceu o Pernalonga. E – por algum motivo que não sei qual – Deadpool não está mais matando as pessoas (só a si mesmo). Isso pode até fugir do personagem, mas ajuda em sua empatia. Isso alimenta para mais piadas no futuro se ele simplesmente matasse as pessoas.
Enfim, eu fiquei muito surpreso do resultado do produto, mais surpreso por eu ter gostado e ainda mais surpreso quando eu decidi procurar as edições seguintes nas bancas após ler essa edição.
Um bom e zoado desenho animado. Taí um excelente destino para a maior criação do Liefeld.
E finalmente chegamos a parte do papel…
Como a imagem acima mostra (quer dizer, nem dá para perceber), eu resolvi comprar a versão com papel mais fuleiro do Home-Aranha.
O motivo? Oras, não sei qual é dos sommeliers de papel de gibi que querem essa qualidade extra em algo descartável como gibi mensal. Eu adoro esse desapego que esses quadrinhos têm. A gente já fica todo encucado na hora de comprar um encadernado (“a capa ta amassada? E a lombada? Tá certinha?”) que não vejo a necessidade disso se repetir num gibi mensal. Meus gibis de Guadiões da Galáxia estão espalhados pelo meu apartamento. Se amassar, tá tranquilo! É gibi mensal!
E… Assim… Nem Miracleman sai em papel especial. E é o melhor conteúdo mensal saindo em bancas disparado. Se eu pudesse votar, aí sim falaria que essa HQ merece um papel boladão! Agora, o gibi do Aranha pelo Dan Slott? Nhé! Prefiro o mais comum porque ainda vou dobrá-lo para abanar churrasqueira num domingo, tenho certeza!
Como disse antes, não sou mais um colecionador de mensais, mas sou favorável sempre dele ser o mais barato possível. Então no dia que a Panini fizer esse teste com formatinho… Sim, eu vou voltar pra casa cheio de gibizinho na sacola.
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