“Wolverine: Imortal” recupera a dignidade do mutante mais famoso da Marvel

Desde o lançamento em 2000 do primeiro filme da série “X-Men”, que adaptou para os cinemas a famosa equipe de super-heróis mutantes (criada por Stan Lee em 1963), o personagem que mais se destacou foi o esquentado e irônico Wolverine, que tornou o até então desconhecido Hugh Jackman num grande astro. Tanto que foi o único a ganhar um filme solo em 2009, que procurava mostrar o início da sua história. Apesar de ter sido um sucesso de bilheteria, “X-Men Origens: Wolverine” foi decepcionante para os fãs e até para quem não era íntimo do universo dos quadrinhos, já que muitas das características que consagraram Logan (seu alter ego) foram simplesmente retiradas da produção, dirigida por Gavin Hood (“O Suspeito”).

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A Fox, detentora dos direitos dos X-Men no cinema, resolveu então fazer mais uma produção estrelada por Jackman, prometendo ser mais parecida com o que cativou os fãs tanto nos quadrinhos quanto no cinema. Assim, quatro anos depois, chega às telas “Wolverine: Imortal” (“The Wolverine”), que cumpre, em parte, a promessa feita pelos seus realizadores. O filme não chega à excelência que foi “X-Men 2″ (2003) e “X-Men – Primeira Classe” (2011), até agora os melhores da série, mas não decepciona tanto quanto “Origens”.

A trama se passa logo após os fatos ocorridos em “X-Men: O Confronto Final” (2006). Logan decidiu se isolar do mundo, amargurado por ter matado Jean Grey (a bela Famke Janssen, que aparece em visões do protagonista) depois que ela enlouqueceu e se tornou a Fênix no terceiro filme da série. Um dia, ele é encontrado por Yukio (Rila Fukushima), que o chama para uma viagem ao Japão para se despedir de Yashida (Hal Yamanouchi), um homem que Logan salvou durante a Segunda Guerra Mundial (numa sequência espetacular, especialmente se vista em 3D), e se tornou um grande empresário.

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Como está no fim da vida, o amigo pede ao mutante o seu fator de cura e, em troca, poderia lhe conceder (graças à alta tecnologia) a mortalidade. Além disso, ele quer que o herói tome conta de sua neta Mariko (Tao Okamoto). Mas Wolverine recusa a oferta e a partir daí, se vê envolvido numa trama com ninjas, a Yakuza (famosa máfia japonesa) e alguns segredos que mostram que a situação é mais complicada do que parece. Para piorar, Logan é envenenado pela misteriosa Viper (Svetlana Khodchenkova) e perde parte dos seus poderes, tornando-o mais vulnerável a balas e espadas.

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O roteiro de Mark Bomback e Scott Frank se baseou na minissérie “Eu, Wolverine”, escrita por Chris Claremont (responsável por grandes histórias dos X-Men, como “Deus ama, o homem mata” e “A Saga da Fênix”) e desenhada por Frank Miller (“Batman: O Cavaleiro das Trevas”), nos anos 80. O texto tomou algumas liberdades, como tornar Yukio uma mutante e uma espécie de “parceira mirim” de Logan, além da inclusão de alguns personagens que não estavam nos quadrinhos que o inspiraram, como Viper. Mas isso só deve incomodar muito aos fãs ardorosos dos X-Men. Quem não ligar muito pode até se divertir.
O problema é que há alguns furos na trama, como o fato de Wolverine se lembrar de Kayla (Lynn Collins), personagem de “Origens”, num pesadelo, se ele perdeu a memória no fim do filme de 2009. Coisas como essa prejudicam a coesão da história, que podem fazer um espectador mais atento, questionar a falta de lógica em alguns momentos do filme.

The Wolverine

O versátil diretor James Mangold (“Johnny e June”, “Encontro Explosivo”) ganhou a vaga após a desistência de Darren Aronofsky e não fez feio. Ele conduziu com competência as cenas de ação (especialmente no combate em cima de um trem-bala) e preparou o terreno para Hugh Jackman (com quem já trabalhou em “Kate e Leopold”) brilhar mais uma vez como Wolverine, que está bem tanto nas cenas em que precisa mostrar sua selvageria quanto naquelas mais emotivas. Pena que o cineasta perca um pouco a mão no fim do filme, quando deixa de lado a ambientação mais “realista” para fazer uma sequência de combate que parece uma mistura de “Homem de Ferro”, “Transformers” e “Power Rangers”. Provavelmente isso deve ter sido uma exigência dos produtores, loucos por um desfecho avassalador, que nem sempre funciona, e foi o que aconteceu aqui.

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Mesmo com essas falhas (além de uma duração um pouco acima do necessário), “Wolverine: Imortal” consegue ter mais pontos positivos do que negativos. Apesar de não ser tão sangrento ou violento como alguns admiradores do personagem gostariam que fosse, o filme cumpre bem o papel de trabalhar algumas questões envolvendo o fascinante protagonista, como o sentido que alguém pode encontrar na vida ao se dar conta de que é eterno, e o que fazer com essa eternidade. Algo bem mais interessante do que mostrar um monte de sequências de lutas que, no fundo, não fazem sentido algum, o que foi o grave erro da primeira produção, estrelada pelo esquentado mutante. Afinal de contas, quem nunca quis viver para sempre?

Mais uma coisa: fique no cinema após o fim do filme. Há uma deliciosa cena durante os créditos finais que introduzem o tema de “X-Men: Dias de um futuro esquecido”, dirigido por Bryan Singer (de volta ao universo dos mutantes), que deve estrear em 2014.

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