O mundo parece muito confortável com as coisas do jeito que são hoje. Muito mesmo. Sabe, coisas como o Brasil é o país de terceiro mundo que os gringos acham que só tem florestas? Então. Se não fosse confortável dessa forma pra quem mora nesse país, as coisas seriam bem diferentes, porque nós fariamos com que fosse diferente. Mas não, não é assim.
E é por isso que eu acho muito válido quando uma pessoa que cria histórias distorce tudo aquilo que a gente já conhece e já está acostumado. ZDM é assim, desconstrução de tudo aquilo que você sabe sobre Manhattan, Nova York.
ZDM – Terra de Ninguém foi uma das primeiras publicações da retomada da Vertigo no Brasil pela Panini, mas já estava em publicação na finada Pixel. Mesmo assim, a Panini decidiu republicar as histórias iniciais pela Panini Books, ou seja: encadernado. Apesar de não achar que seja uma estratégia muito inteligente publicar ZDM já com a capa dura e com arcos compilados, principalmente por não ser uma história conhecida do grande publico, o trabalho ficou extremamente bem feito e é muito bonito pra ter na estante.
Escrito e ilustrado por Brian Wood, que já foi indicado ao Eisner Awards por Demo e também por ZDM, ao lado do também ilustrador Riccardo Burchielli (este trabalhando pela primeira vez com comics na América), o universo de de ZDM acontece em meio a uma guerra civil nos Estados Unidos.
Tudo acontece em 2001, quando todos os estados do interior do país a partir de New Jersey se separam do resto dos Estados Unidos da América e passam a se chamar Estados Livres da América. Logo, os EUA se tornam somente o Brooklyn, Queens e Long Island. No meio dessa guerra cívil fica Manhattan, a ilha conhecida como a Zona Desmilitarizada, e daí vem o nome ZDM. Manhattan se torna uma ilha praticamente abandonada e extremamente perigosa, onde todos os conflitos diretos acontecem. É relatado pela imprensa como um lugar totalmente hostil e miserável.
No 4o aniversário do conflito, uma equipe de imprensa decide tentar entrar na ZDM para relatar como é o dia a dia e finalmente mostrar a verdade sobre a cidade. A equpe é liderada por um jornalista e ganhador do prêmio Nobel chamado Viktor Fergusson, e entre eles a pessoa que realmente vai fazer a diferença na história: o estagiário de fotografia Matthew Roth, ou Matty.
Após uma série de equívocos e fatos desastrosos, Matty acaba ficando sozinho na ilha e tem que se virar para sobreviver e fazer as matérias. E é nesse momento que ele descobre que a sociedade ali é muito mais organizada e existem muitas pessoas sobrevivendo e se virando na cidade.
Este encadernado contem 3 arcos diferentes: o arco de introdução, chamado Terra de Ninguém e que conta como Matty foi parar lá. Ele conheceu Zee, paramédica voluntária que cuida dos doentes e feridos. Ela se torna sua guia na Big Apple em frangalhos, mostrando outro ponto de vista sobre a situação da ilha. Além disso Matty é obrigado a lidar com a morte de pessoas inocentes e com o fato de ser privilegiado e conquistar o respeito por ser o único jornalista vivo na área.
O segundo arco se chama Fantasmas, e nos apresenta um grupo de homens que mantém um zoológico da região intacto e criam um complexo sistema de sobrevivência dentro da ZDM, inimaginável para quem está do lado de fora da ilha. Aqui Matty já é um jornalista respeitado e tem passe livre para fazer suas matérias.
No último arco do encadernado, Cruzando a Cidade, Matthew tem seu uniforme e crachá roubados e tem que perseguir o ladrão para recuperar a sua identidade na cidade e o aval para não ser assassinado. Na perseguição contra seu inimigo, ele chega a uma das áreas de acesso aos Estados Livres da América.
ZDM é genial por relatar em quadrinhos o difícil mundo do jornalismo de guerra. As atribulações de quem trabalha nesta área são mostradas de forma bem aventureira e sem censura, com a realidade que é obrigatória nesse tipo de história. Além disso, é uma crítica às já existente zonas de guerra fora daqui e como é possível termos uma visão pobre do que é a realidade nesses locais.
Os traços tanto de Wood quanto de Burchielli são bem diferentes do habitual: são mais sujos que o normal, dando esse aspecto grunge que a história pede. Há também algumas artes de capa feitas com fotografias tiradas pelo próprio Brian Wood. Tudo muito urbano, com grafittis, etc.
Apesar do preço salgado, vale a pena ler. É um quadrinho de ação e guerra muito bom e mantém a tradição da Vertigo de ser uma das melhores editoras de quadrinhos alternativos do mundo.
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