Em Cosa Nostra, você é a Máfia

Um forte movimento de publicações independentes de jogos de RPG está surgindo no Brasil trazendo uma nova safra singular de jogos com uma cara fortemente indie – um indie indo além da questão financeira e caminhando no fértil campo das novas formas de se contar uma história – propondo jogos dos temas mais diversos, surpreendendo a cada tema e forma de jogar. Cosa Nostra entra agora nesse time sendo produzido pelo Estúdio V e autoria de João Paulo Franciscone, nome conhecido no RPG nacional, principalmente entre os fãs dos RPGs da editora Jambô.

Cosa Nostra – como o próprio nome sugere – transporta os jogadores para dentro do universo de histórias das famosas organizações criminosas italianas e seus tantos filmes e referências posteriores que surgiram no cinema, TV e livros. Vale comentar que Cosa Nostra (Coisa Nossa) é o nome defendido por vários criminosos da Máfia siciliana como o verdadeiro nome dessa organização, sendo o termo “Máfia” criado na realidade por literaturas da época. Os jogadores a cada regra mergulham com mais intensidade nesse tema, mesmo definições simples sobre a ordem com que os jogadores contribuem com a história carregam esse propósito, que sempre vai do jogador mais velho para o mais novo (Respeito os mais velhos garoto!) e traz a tona ainda mais a sensação dos jogadores estarem representando uma tradicional – e rígida – família mafiosa italiana.

O jogo usa dados (creio que não mais de 6 dados de 6 faces) para testar o sucesso de cada jogador e dois jogos de baralho simples para representar as cartas de apostas e as cartas da lei, formas de representar durante o jogo situações aleatórias positivas e negativas que naturalmente uma organização do tipo enfrenta. Como o jogador usará os dados e cartas vai ganhando e perdendo quantidade e peso de acordo com a fase que a organização está vivendo, isso por que em Cosa Nostra a proposta é narrar todas as fases de uma organização criminosa, desde seu nascimento a sua queda. Essa estrutura rígida ajuda a simular de forma melhor o gênero e passa uma percepção muito divertida ao jogador que se sente vivenciando as glorias e problemas de cada uma das fases.

Os jogadores aqui contam a história de uma organização e não só de apenas um personagem, tanto que juntos os jogadores quantificam os 3 pilares que representam a forma como a organização resolve seus problemas durante sua história. Músculos, Negócios e Legitimidade são pontuados e a cada ponto dado um elemento relacionado a ele é acrescentado tornando esse atributo singular não pelo seu valor, mas pelo conjunto de palavras que o definem. Assim, uma organização que tem Músculos 2 (Amizade, Armas) resolve seus problemas de forma diferente a outra que use Músculos 2 (Policiais, Imigrantes). Pode-se concluir que não existe um personagem principal por que o grande “personagem” da história é a própria máfia e o jogo se preocupa bem em explicar a história dessas organizações e de como funciona sua estrutura incentivando os jogadores a criarem nomes, funções, conexões.

Finalizando Cosa Nostra deixa bem claro que se propõe contar uma história sobre a máfia italiana, mas avisa que existe a possibilidade de utilizar a mesma estrutura para contar qualquer história sobre organizações criminosas, o que deve ser explorado em alguma expansão ou na versão definitiva do material. O playtest do jogo está sendo vendido no site da editora Retropunk por R$ 11,90 com frete grátis. Seu formato é A5, capa colorida em gramatura 90g, sulfite 75g nas páginas internas. Lembrando que é uma versão de teste, não muito aconselhada a totais leigos no assunto – a menos que você seja fã do tema – porém não ha como negar o excepcional trabalho de diagramação e capa, para um material de teste, realmente impressiona. Pelo visto o “Don” mandou caprichar no material…

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