Depois de uma jornada astronômica pelo mundo dos RPGs, Changeling: the Lost chegou finalmente ao fim. Swords at Dawn, livro lançado na semana passada marca o desfecho da linha no mundo dos impressos, que durou três livros a mais do que o planejado (e Goblin Markets vem aí, direto para PDF).
Como já afirmei antes guardo emoções ambíguas quanto a este fim. Por um lado, sei que é muito bom em termos econômicos e até estruturais dar um final verdadeiro a linha. Mal ou bem, todos os pequenos aspectos do livro básico conseguiram ser desenvolvidos em alguma instância. Do lado ruim está o fato de que detínhamos um produto maravilhoso que ainda poderia ganhar idéias brilhantes, como foi o caso destes últimos dois livros, que criaram várias coisas novas. Acho que era um caminho interessante a se trilhar.
Se estivesse sob meu encargo, trataria Changeling quase como uma linha básica, e tentaria pelo menos lançar um livro por ano, uma média bem baixa que certamente manteria um espírito de renovação aceso. Sei que há muita coisa boa que pode ser desenvolvida neste cenário, e que se assim fosse feito, ainda veríamos muitos livros excelentes.
Ainda sim, concordo com o desenvolvedor Ethan Skemp no que concerne o fim do jogo. Afirmar isso é uma mentira, afinal vamos continuar jogando e criando coisas para Changeling sempre, não importa se tenham livros no mercado ou não. Ainda que eu deva afirmar que poucos livros de RPG são tão bem escritos e divertidos de ler quanto C:TL e seus suplementos. É realmente belíssimo ver o trabalho da White Wolf em um produto como esse, tão bem acabado e conciso. Com um tema bem amarrado, surpreendente e que consegue ser ao mesmo tempo fantástico e assustador. Mas acho que essas qualidade paradoxais são comuns a natureza das fadas. Pelo menos é algo que eu poderia esperar de seres como eles.
Dancers in the Dusk e Swords at Dawn tratam ambos de temas profundos e inexplorados no universo do jogo; e me parecem finais dignos de algo que chamou tanta atenção, que construiu tantos fãs e que foi nutrido com tanta atenção e cuidado. Os novos livros falam sobre sonhos e destino. Sobre mudanças e renovação. E reforçam o sabor artístico e profundo que se pode inserir em uma mesa de RPG.
Obrigado Ethan (e a White Wolf como um todo) por nos oferecer mais uma vez a opção pelo ato de sonhar. Sejam fantásticos ou assustadores, mas que esta ferramenta possibilite grandes sonhos. Aqueles que nos tocam em sua jornada, e que tiram nossa vontade de acordar.