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“A Parte dos Anjos” e seu humor sóbrio

A Parte dos Anjos – Um filme como poucos encontrados no circuito que, apesar de ter um caráter comercial, é explorado de maneira das mais tímidas em terras brasileiras. O roteiro de Paul Laverty cria diversas situações cômicas que são devidamente levadas à tela grande dos multiplex de aspirações cult nossos de cada sessão pelos corretos desempenhos dos atores, conduzidos sempre sob a batuta segura de Ken Loach, um diretor que sabe o que quer evidenciar e como usar as ferramentas necessárias de que dispõe para lograr êxito em seu intento.

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A ideia de cometer um último ato desonesto com o intuito de financiar um recomeço como um cidadão de caráter acima de ilibado não é das mais originais, para não dizer que é um dos argumentos mais antigos conhecidos pelo homem. O que temos de original nesse trabalho, além do resultado como um todo, é o mergulho no inspirador e refinado mundo do uísque. Os que apreciam essa bebida vão se sentir em casa; os que preferem outros líquidos dotados de teor alcoólico sairão um pouco mais conhecedores e, quem sabe, curiosos acerca da tradicional bebida; já os abstêmios irão se questionar sobre o fascínio que o uísque desperta em pessoas das mais diferentes classes sociais. E falo de apreço, não de alcoolismo.

Também a amizade é explorada nos quase cem minutos de A Parte dos Anjos – a amizade entre aqueles que estão à margem da sociedade -, sempre com um tom acertadamente polido, isento de melodrama. Esse tema, aliás, não poderia deixar de figurar em um filme onde o uísque, ou o cão engarrafado, como diria Vinicius de Moraes, assume características de personagem, afinal, ele é o fio condutor de toda a trama.

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Vemos, ou melhor, ouvimos uma discretíssima trilha sonora. É bem verdade que alguns momentos poderiam ser mais bem pontuados se a um certo conjunto de notas musicais fosse permitido exercer a sua função potencializadora; entretanto, devemos compreender que o processo artesanal desse projeto, sua uniformidade artística, sairia prejudicado. Seria uma mácula em um trabalho já tão seguro de sua identidade autoral.

Se você quer um filme com sujeitos caindo de bêbados, mulheres seminuas devido ao consumo excessivo de álcool, vômitos, sujeira e todos os demais clichês que Hollywood não tem o menor pudor em inserir em uma produção cômica onde a cultura etílica esteja presente como protagonista ou figurante, não se dê ao trabalho de inserir “A Parte dos Anjos” na sua lista particular de títulos assistidos. Agora se a sua intenção é apreciar uma boa história, com boas doses – sem trocadilhos – de humor, essa é uma opção a que você pode recorrer sem medo de errar.

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