Em sua estreia como dramaturga, a atriz e diretora teatral Inez Viana passeia por lembranças – que transitam entre o real e o paradoxal – para falar sobre a relação entre mãe e filho, além da importância da memória como prova da nossa existência. Com direção e concepção de Danilo Grangheia, “A Última Peça” estreia em 1º de agosto, no Mezanino do Sesc Copacabana (onde cumpre temporada até 25 de agosto, de quinta a domingo, às 20h). Em cena estão a própria Inez e o ator Felipe Rocha, além da mãe da atriz, Ginete Duque, de 87 anos, em uma participação afetiva. “A Última Peça” fez sua estreia nacional no Sesc Pompeia, em São Paulo, em agosto de 2018.
“Queria escrever um texto homenageando a minha mãe. Mas é uma homenagem poética. Minha mãe não tem Alzheimer, como a personagem do texto. Ela é lúcida, lê dois livros por semana”, conta Inez, que lembra que começou a escrever a peça pensando nela. “É como se essa mãe estivesse se esquecendo do próprio filho. Ou talvez ele não seja, de fato, seu filho, mas sim um professor de francês”.
“A Última Peça” conta a história de uma mulher que, acometida por lapsos de memória, não lembra que tem um filho – portanto, não reconhece sua condição de mãe. O filho (interpretado por Felipe Rocha), que morava longe, retorna, na tentativa de se reaproximar da mãe, mas ela o confunde com um professor de francês. Ele precisa terminar a história que sua mãe começou, mas ela não se lembra dele e de quase nada de sua vida. Ou finge não se lembrar.
Mesmo não sendo atriz, Ginete aceitou o convite da filha para estar em cena, trazendo uma nova camada ao texto. “É uma participação pontual como a mãe real desmemoriada, como a mãe da dramaturga, como a depositária de toda essa história que, talvez, só se passe em sua cabeça.”
Idealizado pela diretora de arte Simone Mina e iluminado por Ana Luzia de Simoni, o cenário é composto por uma estrutura de aproximadamente mil fios de lã. O público vê a cena através dos fios, evocando a ideia de uma memória turva, fragmentada, mas também de fios que interligam as histórias. A direção de movimento é assinada por Cristina Moura.
O espetáculo contou com a colaboração artística da atriz e dramaturga Grace Passô, que também assina a orelha do livro no qual foi publicado o texto da peça, pela Editora Cobogó, como parte da coleção Dramaturgia. “Uma mulher com pressa para não esquecer do texto que escreveu para quando esquecesse da sua vida. Por trás deste labirinto está a captura de uma relação entre mãe e filho, ambos testemunhos de suas próprias vidas”, pontuou Grace no texto da orelha.
FICHA TÉCNICA
Texto: Inez Viana
Direção: Danilo Grangheia
Colaboração Artística: Grace Passô
Elenco: Inez Viana e Felipe Rocha
Participação afetiva: Ginete Duque
Assistente de Direção: Junior Dantas
Direção de Movimento: Cristina Moura
Direção de Arte: Simone Mina
Fotos: Elisa Mendes e Renato Mangolin
Videografismo: Luís Cruz
Figurino: Virginia Barros
Iluminação: Ana Luzia De Simoni
Criação Sonora: Marcello H
Assessoria de Imprensa: Paula Catunda e Catharina Rocha
Arte Gráfica: André Senna
Produção executiva RJ: Douglas Resende
Produção executiva SP: Júnior Dantas
Direção de Produção: Corpo Rastreado – Gabi Gonçalves
SERVIÇO: “A Última Peça” Temporada: de 1º a 25 de agosto de 2019 – De quinta a domingo, às 20h. Local: Mezanino do Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana) Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia), R$ 30 (inteira). Funcionamento da bilheteria: de terça a sexta, das 9h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 12h às 20h. Classificação etária: 14 anos. Duração: 60 min. Lotação: 70 lugares.
Oficina gratuita: “A memória como reação do corpo, uma ação lembrada”, com Inez Viana. Dias 9, 10, 16 e 17 de agosto (sextas e sábados, das 10 às 13h). Local: Mezanino do Sesc Copacabana. Público: Atrizes, atores, bailarinos, bailarinas, estudantes de teatro, de dança e pessoas interessadas por arte, maiores de 18 anos. Inscrição: enviar carta de interesse para contato@corporastreado.com até 4/8. Os nomes dos 20 selecionados serão divulgados em 5/8. |
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