O que aconteceria com a ordem social se as mulheres passassem a se atirar em fogueiras por conta própria? Este é o ponto de partida para o solo As Coisas Que Perdemos no Fogo, que tem sua temporada de estreia na Sala Ademar Guerra (porão) do Centro Cultural São Paulo, entre 4 e 26 de maio. A peça tem direção de Lara Duarte e atuação de Juliana Lohmann.
Baseada no conto homônimo da escritora argentina Mariana Enriquez, a peça traz uma realidade distópica na qual mulheres passam a se atirar em fogueiras voluntariamente, como forma de protesto às violências a que são submetidas.
Atear fogo no próprio corpo – e não morrer – se torna um contra-ataque à sociedade, que entra em colapso diante da necessidade de promover novas leituras ao dito feminino. Queimadas e desfiguradas, elas se tornam perigosas, sádicas, monstruosas. Simbolicamente indestrutíveis. “Quando chegaria o mundo ideal de homens e monstras?”, provoca Enriquez.
A peça, que tem dramaturgia assinada por Lara Duarte e dramaturgismo de Maya de Paiva e Juliana Lohmann, aborda também atravessamentos autobiográficos da vida da atriz. Os depoimentos pessoais se entrelaçam ao conto e levantam questionamentos acerca da religiosidade cristã, aborto, medicina e violência de gênero, trazendo humor, acidez e contudência para os temas. Além disso, o trabalho conta com direção de movimento de CASTILHO, acarretando para a obra uma importante camada dramatúrgica atrelada ao corpo e a movimentação.
As diversas linguagens da cena também protagonizam o trabalho ao constituírem uma proposta instalativa marcada pela direção de arte de Victor Paula, ancorada na visualidade de diversas texturas de fios, cenário e figurino feitos com 25kg de cabelo. Assim como pelas composições sonoras autorais de Lana Scott e a iluminação criada por Maíra do Nascimento.
As Coisas Que Perdemos no Fogo deseja instigar o espectador através de uma atmosfera tenebrosa, asfixiante e direta, assumindo como linguagem o realismo fantástico para trazer à luz questões urgentes do cotidiano. O espetáculo propõe uma discussão sobre as relações humanas para além dos limites de moralidade, justiça e ética costurando memória e ficção, realidade e distopia.
Ficha Técnica
Direção e dramaturgia: Lara Duarte
Dramaturgismo:Juliana Lohmann e Maya de Paiva
Direção de movimento e Preparação corporal: CASTILHO
Assistência de direção: Maya de Paiva
Performance: Juliana Lohmann
Desenho de luz: Maíra do Nascimento
Operação de luz: Maíra do Nascimento e Marina Meyer
Direção musical e sonoplastia: Lana Scott
Composições: Lana Scott e Natália Nery
Operação de Som: Lana Scott e Viviane Barbosa
Preparação vocal: Natália Nery
Direção de Arte: Victor Paula
Instalação Cênica: Victor Paula
Cenotecnia: Anjelus Manuel e Edlene Sousa
Design de Aparência: Victor Paula
Costura e desenvolvimento: Nilo Mendes Cavalcanti
Peruqueira: Kitty Kawabuco
Design gráfico: Nina Nunes
Fotografia: Marcelle Cerutti
Contraregra: Jenn Cardoso
Estagiária: Larissa Siqueira
Produção: Corpo Rastreado – Keila Maschio
Assessoria de Comunicação: Pombo Correio
Sinopse
Baseado no conto homônimo da escritora argentina Mariana Enriquez, As Coisas Que Perdemos no Fogo traz uma realidade distópica na qual mulheres passam a se atirar em fogueiras voluntariamente, como forma de protesto às violências a que são submetidas.
Serviço
As Coisas Que Perdemos no Fogo
@teucorpoaofogo
Temporada: 4 de maio a 26 de maio
Às sextas-feiras e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h
Centro Cultural São Paulo – Sala Ademar Guerra (Porão) – Rua Vergueiro, 1000, Liberdade
Ingressos: Entrada gratuita. Retiradas de ingressos através do site: https://rvsservicosccsp.byinti.com/#/ticket/ ou 1h antes do espetáculo na bilheteria física.
Duração: 75 minutos (1h15)
Classificação Indicativa: 16 anos (temas sensíveis, nudez)
Acessibilidade: espaço acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.
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