Em uma homenagem à arte drag queen, a Cia. Extemporânea estreia uma adaptação da tragédia Rei Lear, de William Shakespeare (1564-1616). O espetáculo fica em cartaz no Teatro Anchieta do Sesc Consolação, de 26 de julho a 25 de agosto, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h. Haverá também uma sessão vespertina na quinta, 22 de agosto, às 15h. As sessões dos dias 9 e 10 de agosto contarão com acessibilidade em libras.
A montagem tem direção de Ines Bushatsky e traz no elenco Alexia Twister, Antonia Pethit, DaCota Monteiro, Ginger Moon, Lilith Prexeva, Maldita Hammer, Mercedez Vulcão, Thelores e Xaniqua Laquisha. O dramaturgo João Mostazo assina a adaptação do texto.
O espetáculo traz os elementos da dramaturgia shakespeariana clássica para a linguagem drag contemporânea, sem que nem uma nem outra se desfigurem no processo – isso é, sem que Shakespeare perca em poesia e tragicidade, e sem que a drag se descaracterize naquilo que ela tem de mais autêntico: a dissolução das fronteiras estéticas e o desafio aos papéis tradicionais de gênero.
Como conta a diretora Ines Bushatsky, “quem está em cena é aquilo que, ao longo do processo, chamamos de ‘a drag total’. Para além da comicidade em que já estamos habituados a vê-la, é a drag nesse registro trágico. Vamos do cômico ao trágico, do performático ao teatrão, às vezes dentro de uma mesma cena”.
Mercedez Vulcão lembra que a drag sempre esteve no teatro, mas, por razões religiosas e patriarcais, acabou sendo estigmatizada e marginalizada. “Ainda hoje, há aqueles (artistas, inclusive) que enxergam a drag como uma arte ‘menor’. Por isso a importância de colocá-la no centro de um palco como este, protagonizando uma obra de Shakespeare. Parece, mas não é uma novidade. É na verdade o resgate de espaços que há muito já nos pertenceram”.
Alguns inclusive propõem que o termo “drag” teria sido cunhado pelo próprio Shakespeare, sob a forma de uma nota de rodapé em um manuscrito, indicando que o ator deveria se vestir com roupas de mulher (em inglês, drag seria uma sigla para “dressed resembling a girl”). Na época, não era permitido que as mulheres atuassem nas peças e as personagens femininas eram interpretadas por homens. Ao longo dos séculos a arte drag se expandiu, e hoje vai muito além, englobando um pensamento moderno sobre visagismo, costura e performance para tensionar os papeis tradicionais de gênero.
Ginger Moon complementa: “embora nunca tenha saído dos palcos, infelizmente durante muito tempo a drag ficou fora do teatro mais mainstream. Isso está mudando, mas ainda é pouco perto da quantidade de drag queens, drag queers e drag kings talentosas que existem”. Para ela, ainda, o processo de criação do espetáculo foi uma oportunidade de conviver com outras artistas drag em um espaço diferente das festas e baladas. “Muitas vezes a drag é uma arte solitária. A gente acaba tendo que fazer tudo sozinha, do figurino à maquiagem e à produção, além da performance”. Nos ensaios, conta, o elenco descobriu novas formas de companheirismo e irmandade.
“A arte drag é ampla e multifacetada, no elenco convivem perspectivas estéticas diferentes, e complementares. Não existe só uma maneira de fazer drag, as possibilidades são inúmeras. Assim, o espetáculo contribui para mostrar também a diversidade desse universo”, complementa a diretora.
Sinopse
Lear, rei da Bretanha, decide dividir o reino entre as suas três filhas, Cordelia, Regan e Goneril. Porém, Cordelia se recusa a participar do ritual de passagem da coroa, e o rei, furioso, a condena ao exílio. O exílio de Cordelia põe em marcha a completa desagregação do reino. Sem coroa, traído pelas filhas e vendo seu reino à beira da guerra, Lear afunda em uma espiral de loucura.
Ficha Técnica
Direção: Ines Bushatsky
Elenco: Alexia Twister, Antonia Pethit, DaCota Monteiro, Ginger Moon, Lilith Prexeva, Maldita Hammer, Mercedez Vulcão, Thelores, Xaniqua Laquisha
Texto adaptado e assistência de direção: João Mostazo
Cenário: Fernando Passetti
Luz: Aline Santini
Figurino: Salomé Abdala
Visagismo: Malonna e Polly
Assistente de perucaria: Yuri Tedesco
Trilha sonora e operação de som: Gabriel Edé
Preparação vocal: Felipe Venâncio
Operação de luz: Pajeu Oliveira
Microfonista : Viviane Barbosa
Contrarregragem: Felipe Venâncio, Matias Ivan Arce
Costureiras: Caio Katchborian, Nana Simões, Salomé Abdala
Sapatos: Porto Free Calçados
Bordados: Alesha Bruke, Salomé Abdala
Fotos: Mariana Chama, Suka, Tetembua Dandara
Arte gráfica: Lidia Ganhito
Redes sociais: Mariana Marinho
Assistente de Produção: Gabriela Ramos
Direção de Produção: Tetembua Dandara
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Este projeto foi contemplado pela 18ª Edição do Prêmio Zé Renato – Secretaria Municipal de Cultura
Serviço
Rei Lear, da Cia. Extemporânea
Temporada: 26 de julho a 25 de agosto*
Às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h
*Sessão dia 22 de agosto, , às 15h
Sessões com acessibilidade em libras 9 e 10 de agosto
Sesc Consolação – Teatro Anchieta – Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque
Telefone: 11 3234-3000
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, das 10h ás 20h. Domingos e feriados, das 10h ás 18h30.
Ingressos: R$50,00 (inteira), R$25,00 (meia-entrada) e R$15.00 (credencial plena)
Venda online em sescsp.org.br a partir de 16/7 (terça), às 17h
Venda presencial na bilheteria de qualquer unidade do Sesc SP a partir de 17/7 (quarta), às 17h
Classificação: 14 anos
Duração: 120 minutos
Capacidade: 280 lugares
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
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