Um encontro ocorrido em Paris entre Yoshi Oida e o ator e diretor Matteo Bonfitto em janeiro de 2018 foi a mola propulsora para a montagem do espetáculo “Fim de Partida”, clássico de Samuel Beckett, que estreia dia 20 de setembro no Teatro do Sesc Ipiranga.
Yoshi Oida assina a encenação e dirige o espetáculo ao lado de Matteo Bonfitto, que está em cena com os atores Rodrigo Pocidônio, Milton de Andrade e Suia Legaspe.
A montagem marca os 30 anos de falecimento do autor irlandês, mostra ao público as relações tóxicas no seio de uma família blindada. Hamm (Matteo Bonfitto) é o protagonista estacionado no centro da cena, como um patriarca cego que nada vê e tudo sente na lógica peculiar da lembrança, da dependência, do domínio opaco, e dos “sofrimentos sublimes”. Nagg (Milton de Andrade) e Nell (Suia Legaspe), pai e mãe de Hamm, de pernas amputadas, somente com as cabeças expostas e as mãos apoiadas sobre rejeitos, fazem a síntese dos afetos e dos jogos emocionais plenos de um exibicionismo decrépito e de um humor resiliente que permeia as divertidas parábolas da vida cotidiana e a sombra da morte. Clov (Rodrigo Pocidônio), um misto de filho adotivo e servo, é o único que tem ainda o poder precário e ameaçador de se mover, e fazer mover. Manipulados pelo jovem, os objetos que restam na casa-refúgio instauram a circularidade cômica de uma consciência áspera e mordaz.
Fim de Partida revela o mecanismo pelo qual a micropolítica da família se torna um espelho satírico em que reconhecemos a fanfarronice do poder, reentrante e reincidente, hoje, de novo, aqui e acolá, um lugar comum.
Para Yoshi Oida todos os medos que ele teve na vida estão presentes na peça: dor, sensação de desorientação, tristeza, raiva e um incrível senso de humor. Afirma ainda querer ser como Hamm, a fim de conseguir observar a sociedade atual com calma, e tentar evitar o caos, mesmo diante de tudo o que me circunda”, explica o artista. A encenação, criada por Oida durante o processo criativo ocorrido em Montreuil, é permeada por um olhar minimalista, em que prevalece a composição estruturada a partir de elementos cenográficos hiper-realistas.
Matteo Bonfitto observa que dentre as inúmeras operações concretizadas por Beckett em Fim de Partida, há um escancaramento dos múltiplos jogos que podem atravessar a existência das pessoas, todos eles bem perceptíveis hoje: jogos psicológicos, sociais, amorosos, de poder. Mas, ao saturar tais jogos, assim como os discursos que os instauram, Beckett abre fissuras por meio de silêncios e suspensões de ações que permitem entrever possibilidades que escapam dessas engrenagens.
Serviço
Estreia dia 20 de setembro, sexta-feira, às 21h, no Teatro do Sesc Ipiranga.
SESC IPIRANGA – Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga.
Telefone – (11) 3340-2000.
Capacidade do Teatro – 198 lugares.
Duração – 80 minutos. Recomendado para maiores de 12 anos.
Temporada – Até 20 de outubro – sextas-feiras e sábados, às 21h e domingos, às 18h.
Ingressos – R$ 30,00 (inteira); R$ 15,00 (meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência); R$ 9,00 (credencial Sesc).
Bilheteria – De terça a sexta-feira, das 12h às 21h30, sábado, das 10h às 21h30 e domingo e feriado, das 10h às 18h30.
Ficha técnica
Texto – Samuel Beckett. Encenação – Yoshi Oida. Direção – Yoshi Oida e Matteo Bonfitto. Elenco – Matteo Bonfitto, Rodrigo Pocidônio, Milton de Andrade e Suia Legaspe. Assistentes de Direção – Milton de Andrade e Suia Legaspe. Cenografia e Figurino – Telumi Hellen. Iluminação – Camila Jordão. Assistente de Iluminação – Michele Bezerra. Consultoria e Preparação Corporal – Dani Santos. Relações Internacionais – Julia Gomes. Produtor Executivo – Fabrício Síndice. Direção de Produção – Edinho Rodrigues (Brancalyone Produções). Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Idealização – Performa Teatro. Realização – Sesc SP.
Sinopse – FIM DE PARTIDA, de Samuel Beckett, nos mostra relações tóxicas no seio de uma família blindada. Hamm, o patriarca cego que nada vê e tudo sente, Nagg e Nell, pais de Hamm com seu exibicionismo decrépito, e Clov, o filho adotivo-servo. Essa obra revela o mecanismo pelo qual a micropolítica da família se torna um espelho satírico em que reconhecemos a fanfarronice do poder, reentrante e reincidente…hoje, de novo, aqui e acolá, um lugar comum.
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