Ícaro estreia no Teatro Poeirinha e desmistifica universo dos cadeirantes

Com sessões lotadas e sucesso de crítica por onde passou, o espetáculo teatral “Ícaro” chega ao Rio de Janeiro para uma temporada de sete semanas no Teatro Poeirinha a partir de 1º de novembro.
A peça chama a atenção pela proposta singular: um monólogo criado e encenado por um cadeirante. Misturando ficção e realidade, o ator e autor Luciano Mallmann interpreta depoimentos de cadeirantes – homens e mulheres – em temas universais que garantem a identificação direta do público. A inspiração partiu da experiência do próprio artista gaúcho e de depoimentos de pessoas que tiveram lesões medulares que conheceu depois que passou a usar cadeira de rodas. Em 2004, ele ficou paraplégico após uma queda durante um exercício de acrobacia área em tecido, no Rio de Janeiro.
Não há cenário, nem marcações bruscas. Dirigida por Liane Venturella, “Ícaro” valoriza a interpretação e surpreende pela forma com que o ator explora o corpo durante as cenas. A precisão dos movimentos foi um elemento fundamental para expressar as limitações físicas de cada personagem. Surgem, em cena, a modelo, o lutador, a mãe, o ator e o acrobata. Ao longo de 70 minutos, Luciano Mallmann dialoga com o público temas como preconceito, resiliência, relações familiares e amorosas, suicídio, maternidade e gravidez. Um mosaico sobre a diversidade humana.
— Por trás da deficiência, existe uma pessoa que tem histórias. Isso é o mais importante e também o que provoca a identificação com a plateia. A peça desperta essa quebra de paradigma. Não adianta nada os cadeirantes estarem integrados à sociedade, mas sempre serem vistos de forma diferente pelos outros — defende Luciano Mallmann.
Em “Ícaro”, a iluminação de Fabrício Simões e a trilha sonora de Monica Tomasi sublimam o clima de cada uma das seis esquetes. O artista plástico Walmor Corrêa criou a logomarca do espetáculo. Pela montagem, Luciano Mallmann recebeu o Prêmio Açorianos de Melhor Dramaturgia 2017, láurea promovida pela Prefeitura de Porto Alegre.
O espetáculo foi apresentado nos seguintes festivais Porto Alegre em Cena (setembro de 2017), Janeiro de Grandes Espetáculos (Recife, janeiro de 2018), Porto Verão Alegre (janeiro de 2018), Feverestival (Campinas, em fevereiro de 2018), Mostra de Teatro de Sertãozinho (maio de 2018) e Palco Giratório SESC (Porto Alegre, em maio de 2018). Este ano, participará ainda do Caxias em Cena (Caxias do Sul, em agosto 2018), Cena Contemporânea (Brasília, em agosto 2018), Filte Bahia (Salvador, em setembro de 2018) e Festival Isnard Azevedo (Florianópolis, em setembro 2018).
 
Luciano Mallmann iniciou sua trajetória na Cia. das Índias, dirigido por Zé Adão Barbosa em 1991. Participou dos espetáculos “A Gata Borralheira” (1991), “Ai de ti, Dorothy Parker” (1992), “O Despertar da Primavera” (1993) e “Love Hurts” (1996).
O ator mudou-se para o Rio de Janeiro em 1996, quando participou da Oficina de Atores da Rede Globo e do espetáculo “A Dama do Cerrado”, de Mauro Rasi. Também integrou o elenco de “Sweet Charity Pocket Show” (1998), “Rock Horror Picture Show” (1999) e “Rio´s Cabaret Musical” (2000), todos dirigidos por Carlos Leça. Luciano atuou ainda em “Ela Brasil” (2001, direção de Ignácio Coqueiro), “Os Duelistas” (2001, de Jorge Fernando), “Sonhos de Einstein” (2004, Cláudio Coqueiro, da Intérprida Trupe) e “O Circo Fantástico” (2004, de Fábio Florentino).
Em 2004, sofreu uma lesão medular passando a usar cadeira de rodas. Foi quando voltou a morar em Porto Alegre. Em 2011, produziu e atuou em “A Mulher Sem Pecado”, de Nelson Rodrigues e com direção de Caco Coelho. O espetáculo foi indicado a todas as categorias do Prêmio Açorianos, levando as estatuetas de produção, atriz e cenografia e espetáculo pelo júri popular.
No cinema, atuou nos curtas-metragens “O Caso do Linguiceiro” (1995), de Flávia Seligman, e “Bola de Fogo” (1996), de Marta Biavaschi. Recentemente, Luciano rodou os longas-metragens “Divino amor”, de Gabriel Mascaro, em que contracena com Dira Paes, e de “Bio”, de Carlos Gerbase, um documentário de ficção no qual foi indicado ao prêmio de melhor ator coadjuvante no Festival de Gramado, no ano passado, ambos em finalização.
Em TV, participou das novelas “Mandacaru” (1997), dirigida por Walter Avancini na extinta TV Manchete e “Meu Bem Querer” (1998), direção de Marcos Paulo, na TV Globo.
 
Liane Venturella dirigiu os espetáculos “Circo Minimal” (2001), “Odoya, Xire das Águas” (2008) e “Louça Cinderella” (2010) para Cia. Gente Falante; “O gordo e o magro vão para o céu” (2009), de Paul Auster, para a Cia In.Co.MO.De-Te;  “Um Verdadeiro Cowboy” (2011) para o Depósito de Teatro; “Corsário Inversos” (2013) para o grupo Mosaico; “A Farsa do Advogado Pathelin” (2014) para o grupo Hora Vaga; “Tempo de Sonhar” (2015), do Vocal Mandrialis; Salão Grená e Portal de Partidas (2015) para a Cia. Municipal de Dança de Porto Alegre; “A Saga do Homem Comum” (2015) para a banda Capitão Rodrigo; “Brechó da Humanidade (2016) para Rudinei Morales;“Marcela Fenay” (2016), solo da bailarina Andrea Spolaor; “Cantos de Linho de Lã” (2016) e “O Jardineiro dos Pensamentos” (2016) para o Grupo Hora Vaga, de Garibaldi.
Como atriz atuou em mais de 20 espetáculos teatrais, 10 filmes e em diversos trabalhos para televisão.
 

SERVIÇO

“ÍCARO”
Temporada: de 1º de novembro a 16 de dezembro – de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h.
Local: Teatro Poeirinha – Rua São João Batista 174, Botafogo. Tel.: 2547-0156.
Ingresso: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Duração: 70 min.
Gênero: Teatro Documental. Lotação: 60 lugares. Classificação: 14 anos.

FICHA-TÉCNICA

Dramaturgia e atuação: Luciano Mallmann
Direção: Liane Venturella
Trilha sonora: Monica Tomasi
Iluminação: Fabrício Simões
Preparação vocal: Ligia Mota
Fotografia: Fernanda Chemale e Nina Pires
Produção: Luciano Mallmann

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