A peça traz Chico Carvalho no papel de Hamlet. Essa é a sua sexta parceria com o diretor, sendo a segunda montagem de Shakespeare (a primeira foi A Tempestade). Na opinião do ator, as personagens do dramaturgo inglês são como “um prisma cujas diversas faces são iluminadas por seus versos, daí sua riqueza imensurável”. O elenco também conta com outros grandes atores. Elias Andreato interpreta Corambis (chamado de Polônio nas outras versões), Claudio Fontana faz o Rei Cláudio e, ao seu lado, como Rainha Gertred (Gertrudes, nas outras versões), está Luciana Carnieli. Ciça de Carvalho é Ofélia. Ivan Vellame faz o melhor amigo do protagonista, Horácio; André Hendges, o irmão de Ofélia, Laertes; Gabriel Sobreiro e Breno Manfredini são os colegas de Hamlet, aqui chamados de Rosencraft e Gilderstone; por fim, João Attuy interpreta tanto o Coveiro, quanto o invasor norueguês, Fortimbrás. Não menos importante, visto que o diretor tem especial apreço pela musicalidade em todos os seus trabalhos, Dan Maia executa a trilha sonora ao vivo.
Uma das peculiaridades dessa montagem é a escolha do texto. Poucas pessoas sabem que há três versões da mais famosa tragédia do bardo, chamadas respectivamente de Q1 (de 1603), de Q2 (de 1604) e de Fólio (de 1623), todas autênticas, conforme atestado pelos estudiosos da área. Elas diferem sobretudo em extensão, sendo que a primeira tem metade dos versos do Fólio, a mais conhecida e montada entre nós. A diferença de tamanho torna o “Primeiro Hamlet” mais ágil e menos metafísico. “A convivência de múltiplas versões era comum no período Elisabetano-Jaimesco”, explica José Roberto O´Shea. Já Gabriel Villela afirma ter escolhido a primeira delas, não por ser menos conhecida e inédita em São Paulo, mas porque “é a fonte primordial, de onde nasce água pura capaz de purificar, hidratar o rosto das almas, Hamlet!”.
Sobre a encenação
Os atores narram e dramatizam a tragédia shakespeariana sobre um palco coberto por troncos de árvores carbonizadas, ou o que sobrou de uma floresta queimada. J. C Serroni inspirou-se na paixão do autor por florestas, facilmente identificada no protagonismo que exercem em Sonho de Uma Noite de Verão, ou na força trágica que tem em Macbeth. Uma cama, também carbonizada, é manipulada para sugerir diferentes ambientes, chegando a funcionar como um pequeno palco dentro do grande palco para acolher cenas emblemáticas da tragédia.
Na concepção de Gabriel Villela, a devastação da natureza sobre a qual se desenrola a trama é uma alusão aos desafios impostos pelo Antropoceno. O diretor diz ter ficado especialmente comovido com as queimadas no Cerrado, no Parque Nacional das Emas “que trouxe a terrível imagem de um Tamanduá carbonizado. Essa foto girou o mundo, tornou-se um incêndio simbólico”. Já o diretor-adjunto, Ivan Andrade, entende que esse texto, “como qualquer clássico, absorve questões do tempo em que está sendo montado. Colocar Shakespeare, que, nas palavras de Harold Bloom, inventou o homem, em sobreposição a essa destruição causada pelo próprio homem deflagra a necessidade de reflorestamento não apenas das nossas florestas, como também do imaginário. O colapso ambiental é humano, e é sobretudo da imaginação”.
Gabriel Villela conta que a escolha do elenco deu-se pela voz dos personagens: o desenho da voz de cada ator auxiliou na formação final desta equipe. “No Brasil, a voz foge de convenções inglesas, americanas; o nosso método é Dercy Gonçalves e Grande Otelo, é circo. Isso implica em outra lógica para essas escolhas e faz com que caiba o melodrama do circo na cena da peça dentro da peça, por exemplo”. Para trabalhar as vozes, Villela contou com sua parceira de muitas décadas, Babaya Morais, além de Dan Maia, ambos responsáveis pela direção musical. A maior parte das músicas é cantada em latim ao vivo pelos atores. O ponto de partida é o cantochão gregoriano, que vai ganhando polifonia ao longo da tragédia.
Os figurinos são, como sempre, assinados por Gabriel Villela, e a luz é de Wagner Freire.
Para Chico Carvalho, “o Hamlet aqui não é uma versão minha, mas, principalmente, produto da linguagem do Gabriel. Estamos a favor de uma maquinaria, de uma linguagem. Com essa premissa, a gente se livra um pouco dessa enrascada de tentar definir o personagem, porque ele é indefinível”.
Sinopse
O jovem príncipe Hamlet da Dinamarca depara-se com o espectro de seu pai, que revela que seu irmão Cláudio, tio de Hamlet, agora casado com Gertred – mãe do Príncipe, o envenenou. Atormentado com esta descoberta, Hamlet cria um plano para testar a veracidade do crime narrado pelo fantasma de seu pai e vingar seu assassinato.
Serviço:
Sesc Vila Mariana
Endereço: Rua Pelotas, 141, Vila Mariana – São Paulo
Temporada: de 11 de maio a 16 de junho. Quinta a sábado às 21h e domingos às 18h.
Dias 7 e 8 de junho, sexta e sábado, haverá sessões extras às 15h.
Em todas as 4 sessões dos dias 7 e 8 de junho haverá tradução em libras
Duração: 120 min – com 15 min de intervalo
Classificação etária: 14 anos
Ingressos: Os ingressos disponíveis no aplicativo Credencial Sesc SP, pelo Portal Sesc SP e nas bilheterias do Sesc em todo o Estado – R$ 15 (credencial plena); R$ 25 (estudante, servidor de escola pública, idosos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$ 50 (inteira)
Central de Atendimento (Piso Superior – Torre A): terça a sexta, das 9h às 20h30; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (obs.: atendimento mediante a agendamento).
Bilheteria: terça a sexta, das 9h às 20h30; sábado, das 10h às 18h e das 20h às 21h; domingos e feriados, das 10h às 18h.
Estacionamento: R$ 8,00 a primeira hora + R$ 3,00 a hora adicional (Credencial Plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). R$ 17 a primeira hora + R$ 4,00 a hora adicional (outros). 125 vagas.
Paraciclo: gratuito (obs.: é necessário a utilização travas de seguranças). 16 vagas
Informações: 5080-3000
Ficha Técnica
Autor: William Shakespeare
Tradução: José Roberto O´Shea
Direção e figurinos: Gabriel Villela
Diretor-adjunto: Ivan Andrade
Elenco: Chico Carvalho, Elias Andreato, Claudio Fontana, Luciana Carnieli, Ciça de Carvalho, Ivan Vellame, André Hendges, Breno Manfredini, João Attuy e Gabriel Sobreiro
Iluminação: Wagner Freire
Direção Musical, canto e arranjos vocais: Babaya Morais
Direção Musical, órgão, viola e arranjos instrumentais e vocais: Dan Maia
Cenografia: J C Serroni
Assistente de Figurinos: Nour Koeder, Emme Toniolo e Nayara Andrade
Costureira: Zilda Peres
Assistentes de cenografia:
Cenotecnicos:
Pintura e texturização: Cirqueira e Priscila Chagas
Coordenação equipe cenografia:
Maquiagem: Claudinei Hidalgo
Assistente de Maquiagem: Patrícia Barbosa
Fotografia: João Caldas Fº
Assistente de Fotografia: Andréia Machado
Diretor de Palco: Márcio Félix
Operador de luz:
Camareira: Ana Lucia Laurino
Produção Executiva: Augusto Vieira
Direção de Produção: Claudio Fontana
Apoio: Marcelo Araújo Hair
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