O famoso personagem do autor Sir Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes é sem sombra de dúvidas um dos mais cultuados no cinema, teatro e televisão. Alguns outros famosos personagens foram claramente inspirados em Holmes, tal como o Poirot de Agatha Christie, Dr.House e Monk, ambos personagens de séries de televisão.
No cinema, Steven Spielberg fez sua versão do detetive, mas como um jovem estudante no filme de 1985, “O Enigma da Pirâmide”. E mais recentemente Guy Ritchie foi o responsável por trazer novamente o detetive as telonas com os filmes “Sherlock Holmes”, de 2009 e a sequência “Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras”, de 2011 com os atores Robert Downey Jr. como Holmes e Jude Law como Watson.
Nesse meio tempo, em 2010, os roteiristas do seriado “Doctor Who” Steven Moffat e Mark Gatiss começaram a pensar na ideia de criar uma versão mais moderna de Holmes, onde ele usasse de tecnologia atual para resolver seus casos.
Assim surgiu “Sherlock” em uma versão mais contemporânea, sendo ambientada em Londres dos dias de hoje. O endereço ainda é o mesmo, 221B em Baker Street.
John Watson (Martin Freeman) é um Sargento que voltou de serviço no Afeganistão após uma baixa devido a ferimentos em combate. Sem dinheiro e perspectiva, acaba conhecendo Sherlock (Benedict Cumberbatch) e logo os dois passam a dividir um apartamento sobre os cuidados da Sra. Hudson (Una Stubbs). A princípio Watson não entende muito bem porque Sherlock é do jeito que é, mas aos poucos a amizade entre os dois vai crescendo e a dupla dá início a uma série de investigações bizarras.
O Holmes de Cumberbatch é mais misterioso, seco, bastante tecnológico e parece ter Síndrome de Asperger, pois não tem papas na língua e fala o que lhe dá na telha, doa a quem doer. Ele faz muito bem seu papel e cria jeitos próprios para acrescentar a um personagem já conhecido. Do lado oposto temos Freeman que muda um pouco a imagem de “faz tudo” do Holmes. Ele é bem divertido, humano, e possui ótimas e inteligentes sacadas junto com Holmes.
Há outros personagens que ajudam e/ou atrapalham os dois como o Detetive Lestrade (Rupert Graves), Mycroft, irmão de Holmes (Mark Gatiss), a Patologista Molly Hopper (Louise Brealey) e o arqui-inimigo eterno de Holmes, James Moriarty (Andrew Scott).
Aliás, o ator escolhido para interpretar Moriarty talvez seja o único ponto falho em toda a série. Por mais que a atuação do mesmo seja assombrosa ele tem uma aparência muito jovem e um olhar de lunático. Algumas de suas falas ficam abafadas e fica difícil entender o que ele quer dizer. O que acaba destoando um pouco do embate intelectual que o personagem deveria proporcionar a história.
A série se tornou rapidamente queridinha do público e da mídia e alavancou ainda mais a carreira de Cumberbatch e Freeman. Foi indicada ao Emmy Awards, Golden Globes e levou inúmeras estatuetas no Bafta Tv Award de 2011 e 2012.
Cada episódio tem duração de 90 minutos e as temporadas – no total são duas com uma terceira a caminho – possuem três episódios, onde em cada um deles é retratado um conto escrito por Conan Doyle. Para aqueles que conhecem as histórias é fácil identificar as referências em cada episódio e nas modificações feitas para que pudesse se passar nos dias de hoje. Tudo é feito primorosamente, desde a direção, fotografia até o roteiro.
Destaque para o episódio “A Scandal in Belgravia” da segunda temporada. Um dos mais bem escritos em termos de televisão.
Já é possível adquirir as duas temporadas em dvd/bluray ou assistí-las pelo Netflix.