Existe uma quantidade enorme de possibilidades para que um personagem da cultura pop dure anos. Nos quadrinhos temos dezenas de exemplos de nomes que perduraram e são conhecidos pelo grande público devido a filmes, desenhos ou seriados. A durabilidade do Besouro Verde não é diferente, mas ela se dá devido a motivos muito peculiares e contrários ao normal dos quadrinhos. Nascido no rádio em 1936 o herói já passou por todas as mídias possíveis e imagináveis e tornou-se um ícone de vigilantismo entre os aficionados por heróis mascarados.
O início no rádio
Tudo começou há exatos 75 anos na rádio WXYZ de Detroit, a mesma que produzia um programa seriado do famoso Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger). Como ambas as criações eram de pertence de George W. Trendle, automaticamente ele fez com que seu novo personagem tivesse um laço familiar com o Cavaleiro Solitário para facilitar a aceitação do público, além de ganhar credibilidade logo de início. A jogada deu certo e o programa do herói ficou no ar por anos até 1952 sempre com aventuras fechadas e narradas com muito dinamismo e movimentação.
Trendle queria mostrar com o programa que o sistema legislativo e político do país podia ser facilmente corrompido e pra isso criou um vigilante que agiria contra a lei apenas para resolver estes chamados “crimes de colarinho branco”. Neste período todo o universo pessoal do Besouro Verde cresceu bastante e daí deu-se praticamente toda a mitologia utilizada e reciclada até hoje com o personagem. A verdade é que naqueles quase 16 anos do programa no ar as aventuras de Britt Reid e seu companheiro Kato tornaram um dos programas de fantasia mais ouvidos das rádios americanas e tornou o personagem um ícone, mesmo não tendo realmente uma face. Ainda.
A ideia do herói partiu totalmente de Trendle e ele chamou o escritor Fran Striker para incrementar suas ideias. Uma coisa engraçada é que ele já sabia que o herói teria o nome de Hornet, mas ainda não tinha dado uma cor a ele. Muitas cores foram consideradas, inclusive rosa. O criador, querendo tornar seu personagem fácil de se adentrar no fictício universo do crime, fez com que o Besouro se declarasse um fora da lei logo de início conseguindo assim participar de vários esquemas de bandidos, políticos e vilões apenas para poder prendê-los com as mãos na massa. Isso ainda causaria uma aura de mistério no vigilante por nunca revelar suas verdadeiras motivações.
O Besouro tinha um companheiro japonês de combate ao crime chamado Kato. Especialista em artes marciais e grande responsável pela parte das lutas contra os bandidos, ele ainda era chofer e guarda-costas de Britt, que era um jornalista de grande renome. O universo dos heróis começava a se formar melhor. Anos depois, com o incidente de Pearl Harbor durante a Segunda Guerra Mundial, a produção da série foi obrigada a mudar a nacionalidade de Kato para filipina, mas depois ainda ela chegou a ser alterada para coreana.
No que diz respeito ao Cavaleiro Solitário a relação criada foi bem clara. O sobrinho do pistoleiro era Dan Reid e este homem tornou-se, anos depois, pai de Britt Reid, o Besouro Verde. Essa informação de conhecimento apenas dos roteiristas e produtores do programa radialístico tornou-se de conhecimento público exatamente em 1947, quando Britt revela sua identidade ao pai e Dan conta um pouco sobre um certo pistoleiro mascarado a seu filho.
Havia ainda na lista de personagens a ex-secretária pessoal de Dan Reid, a senhorita Lenore “Casey” Case. Ela tinha uma admiração secreta pelo Besouro Verde bem como por Britt e mais adiante no programa ela descobre que os dois são, na verdade, a mesma pessoa.
Dentre os vários desafios do Besouro durante os anos houve três vilões que foram os mais consideráveis para a história. O primeiro deles é o misterioso Mr. Big, uma grande mente criminosa que não quer o Besouro Verde em seu caminho de bandidagens. Logo em seguida temos Mr. X e por fim Oliver Perry, um inescrupuloso detetive particular que tentava de todo jeito desmascarar o vigilante.
Besouro Verde vira seriado
O sucesso do personagem nos programas de rádio automaticamente gerou grande interesse de alguns estúdios de colocá-lo nas telas para os americanos assistirem. Nascia então The Green Hornet em 1940, um movie serial produzido pela Universal Studios, e no ano seguinte The Green Hornet Strikes Again! também pela Universal. As histórias adaptavam muito do que havia sido feito no rádio até para não gerar mais custos construindo coisas totalmente novas. Foi a chance também das pessoas verem o Beleza Rara (Black Beauty), o famoso veículo da dupla.
Um fato curioso é que na época os estúdios estavam acostumados a produzirem movie serial que tinham histórias continuadas, mas com o Besouro Verde a coisa foi diferente: a esmagadora maioria dos episódios é fechada, não tendo continuidade entre eles.
Tanto o programa de rádio como estes episódios para cinema são encontrados com uma certa facilidade na internet. Existe uma instituição chamada Green Hornet Inc. que protege muito do conteúdo produzido em torno do personagen durante todos estes anos e faz questão que o herói permaneça íntegro independente da mídia para qual ele vai.
Com isso terminamos a primeira parte do especial Besouro Verde. Fiquem conosco para mais artigos e curiosidades nos próximos dias da semana. Até lá!