Não é fácil ser um espécie de derivação de um neo clássico. Dá até para compreender a responsabilidade implícita na realização de Better Call Saul, um spin off de Breaking Bad, que traz volta alguns personagens inesquecíveis da saga de Mr. White.
Também criado pelo (agora badalado) Vince Gilligan, a série acompanha o advogado Saul Goodman (Bob Odenkirk, excelente). Viajando pela linha do tempo, a série mostra o personagem antes e depois dos eventos de Breaking Bad, que o apresentou em um episódio intitulado “Better Call Saul“.
O episódio inicial logo volta no tempo e nos faz conhecer a época em que Saul ainda se chamava Jimmy McGill, um advogado atrapalhado e mal sucedido que acaba tendo ligação com criminosos e precisa sobreviver. Paralelo a isso, conhecemos a complexa relação dele com seu irmão, que sofre sérios problemas de saúde e um lacônico interesse romântico com uma advogada condescendente.
O roteiro tem o tempo e a maturação bem característicos de Gilligan, e isso é o que mais o aproxima de sua “série mãe”. As desventuras de Saul, urdidas por sua própria personalidade oportunista, norteiam a história em si, mas é no equilíbrio de suas vulnerabilidades (é, Saul tem dessas coisas), que a série mais se aproxima da sua proposta de desenvolver a figura carismática que era quase que o alívio cômico de toda a tensão dramática de Breaking Bad.
Tecnicamente impecável, a série mantém o interesse ao longo dos episódios – quase deixando sobressair uma barriguinha lá pelo meio, mas rapidamente impondo uma virada interessante, que dá a tônica da conclusão, e claro, deixando arestas para um segundo ano. E nessa virada também que é colocada em perspectiva a figura (já conhecida) de Mike (Jonathan Banks), da qual vai se justificando pelo passado, muito de sua conduta no futuro. Aliás é essa a máxima de toda a série em si, pelo menos para os personagens que já conhecemos.
Essa primeira temporada foi mais que simplesmente apresentativa. Ela serviu para dar consistência dramática aos ótimos coadjuvantes de Breaking Bad. Talvez por isso ainda esteja a sua sombra. Para o bem e para o mal.
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