Crítica: A supremacia da segunda temporada de "House of Cards"

O mundo é dos cínicos. Esse é o principal discurso da ótima série House of Cards (NetFlix), paradigma confirmado na ascendente segunda temporada. Aliás é o cinismo que denota os escusos interessasses individuais no âmbito institucional, sobre o qual a série trata.
Se na primeira temporada Frank Underwood (Kevin Spacey, dispensando qualquer apresentação reiterativa) destrinchava sua escalada para o poder, e com isso dominava a vida pessoal de todos os seus alvos, nesse novo ano da série, essa façanha é potencializada por um alinhamento esquisitamente matrimonial com a melhor personagem da série, sua mulher Claire Underwood (a excepcional Robin Wright), em jogadas cheias de intrigas que miram assertivamente na Presidência da República dos EUA.
A parte investigativa que compreende o jornalismo (na linha tênue entre o viés glamourizado e o retrato realista) rende um gancho surpreendente logo no primeiro episódio, mas o roteiro dessa vez, se debruça mais pelas fragilidades pessoais de seus “núcleos” (inclusive do então imbatível casal) para denotar o inescrupuloso plano conspiratório de Frank para chegar ao poder.

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A narrativa vai num crescente nessa seqüência de intrigas que vai tornando os episódios cada vez mais sedutores. Diferente do primeiro, esse ano não teve espaço para barrigas e a história cumpre o que vem prometendo desde que foi criada. Aliás, a última cena e que sintetiza toda a representatividade do que é o poder para Frank Underwood, é uma das mais impactantes no sentido simbológico da história. Ali, principalmente para nós brasileiros, podemos sentir na pele que o poder pode até corromper, mas quase sempre ele é uma consequência de indivíduos já corrompidos em seus equívocos éticos.
Que venha logo a já confirmada terceira temporada.

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