The Leftovers já nasceu sob fortes expectativas por ser a nova criação de Damon Lindelof, a mente por trás de Lost. Fora que é baseada em livro homônimo de grande repercussão, escrito por Tom Perrotta, que também faz parte da equipe de roteiristas. Junte a isso, a chancela HBO e alguns dos trailers mais persuasivos da TV, a série foi aguardada com ansiedade, mas o que se viu não foi o que se esperava. A história retrata a angústia causada pelo desaparecimento de 2% da população mundial, ou seja, se debruça sobre a vida e o questionamento de quem ficou. Para isso, era latente que o roteiro apresentasse bons personagens para que o enigma fosse apenas elementar dentro de suas idiossincrasias. O roteiro já peca por aí. Ainda que conte com alguma densidade humana, os conflitos parecem mais interessados em emergir mistérios imbuídos de vil simbologia, e só esvazia o potencial das relações pessoais que se apresentam e são os reais condutores de nossa percepção da trama.
Um exemplo claro é o “núcleo” da seita dos que se vestem de branco e não falam. Ainda que tenha tido um virada eficiente no (raro) ótimo penúltimo episódio – onde muita questão esboçou um esclarecimento – trata-se de uma trama fragilizada no afã de se fazer misteriosa, pura e simplesmente. Outro problema é a falta de solidez de certas tramas como a do filho do protagonista, assim como a da personagem de Liv Tyler, que foi sendo esquecida absurdamente ao longo da temporada. Dada a força de seu plot – o desaparecimento em massa, que segundo a crença cristã, trata-se de um chamado de Jesus – The Leftovers ainda pode vir a ser algo (bom) que não é, principalmente pela gama de possibilidades (não exploradas) que sua história pode render. Resta saber se teremos paciência para tirar a prova em sua segunda temporada (já confirmada) no ano que vem…
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