Como costuma acontecer com as melhores séries originais do Netflix, Narcos mal estreou e muitos devoraram a temporada em poucos dias (inclusive este que vos escreve).
A série é centrada na história do traficante colombiano Pablo Escobar, que saiu da favela onde cresceu em em Medelin para se tornar uma das pessoas mais ricas do mundo, e tudo antes dos trinta anos. Esse sucesso sem igual se deu graças a rápida expansão do consumo de cocaína nos Estados Unidos, uma droga praticamente de gueto até os anos oitenta que tomou toda uma geração de assalto após a repressão da contracultura.
Na série Escobar é interpretado por Wagner Moura, ator brasileiro que mesmo não possuindo um espanhol nativo como alguns críticos tanto enfatizam, apresenta mais uma atuação brilhante. Inclusive, a título de opinião, uma das grandes qualidades das produções Netflix é justamente essa pluralidade cultural dos profissionais envolvidos nas séries. Neste sentido Narcos tem o seu lado outros grandes atores, como a dupla de agentes do DEA vividos por Pedro Pascal (Game of thrones) e Boyd Holbrook (Milk), seu primo e mão direita Gustavo, numa atuação sensacional de Juan Pablo Raba.
Além das atuações acima da média, Narcos também apresenta uma Colômbia dos anos oitenta bastante crível, com uma ambientação que não ficou devendo nada para grandes produções no melhor estilo Poderoso Chefão, O Gangster, Scarface, Cassino ou Os Bons Companheiros. Também como muitos dos grandes clássicos, Narcos captura a sedução de uma vida repleta de emoções, seja no crime ou do lado dos mocinhos, para depois ir desconstruindo seus personagens com novas camadas para além dos arquétipos de bem e mau comuns no meio. Neste contexto é visceral a mudança do agente norte americano Murphy, o narrador dos episódios, ao esbarrar de frente com o desamparo e violência arraigados na sociedade latino americana.
Como não podia deixar de ser, depois de atacar a corrupção policial brasileira, o cineasta José Padilha (Tropa de Elite) também utiliza Narcos para nos fazer refletir sobre as políticas internacionais de combate as drogas, principalmente nas atrapalhadas intervenções dos Estados Unidos – que parece desde sempre regido pelos mesmos caipiras que hoje assolam o Brasil. Longe de colocar a série nas costas de Pablo Escobar, os criadores Chris Brancato, Eric Newman e Carlo Bernard amparam Narcos em todos seus núcleos e assim acompanhamos além dos traficantes e gringos, a atuação de personagens secundários e do próprio governo colombiano no combate aos cartéis de drogas.
Aprofundar este artigo seria revelar demais. Se você ainda não assistiu Narcos, conhecendo ou não a incrível história de Pablo Escobar, reserve a pipoca e prepare a paciência para aguardar pela segunda temporada.
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