O amadurecimento de "Girls" em ascendente terceira temporada

Questões. Uma palavra resume aquele período da vida, compreendido entre os 20 e os 30 anos. São as questões que vão dando forma e sentido a personalização do adulto que vai surgindo na pós puberdade. Quando a ficção se propõe a jogar luz sobre questões, para além de caricaturas, invariavelmente dá certo.
Girls, em sua terceira temporada, amadureceu essa lógica (própria) e ofereceu momentos de intensa assimilação. Lena Dunham ainda faz de sua “verdade”, uma série de personalidade e excelentes diálogos. Mas essa temporada teve uma evolução, digamos, discursiva, no desenvolvimento de suas quatro ótimas personagens. A narrativa foi ganhando estofo justamente nesse investimento em suas psiques, mesmo diante das necessidades de “ser cool numa New York underground”.
A afeição foi ficando cada vez mais legítima, seja pela originalíssima relação da protagonista, Hannah, e seu conflituoso namorado Adam, Adam Driver, (que rendeu, mais uma vez, uma season finale bem tocante, de verdade), seja pela auto análise de uma desperdiçada Shoshanna, Zosia Mamet, (ainda a personagem mais rica em seu universo particular), seja pela maturidade no trato da (sempre problemática) Jessa (Jemima kirke), ou até para odiarmos cada vez mais os descaminhos de Mernie (Allison Williams).
A terceira temporada de Girls foi melhorando absurdamente ao longo de seu decorrer. Mas a melancolia, assertivamente anticlimatica, de seu fim se deve pela complexidade que as tais questões agregam à nós. Dunham tem conseguido fazer disso um retrato de uma fase da vida, muito mais do que de uma geração. Afinal, questões são universais e atemporais. E é por ainda nos ver refletidos nesse tipo de dramaturgia que ela reforça sua relevância. Que venha a quarta temporada…

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