Você deve estar se perguntando por que diabos “quartas de sangue e riso”, afinal, Two and a Half Men não mostra tanto sangue assim. Tudo bem: Teve aquela vez em que Alan caiu no feitiço da “bruxa” que namorava Charlie na época, em um especial de Halloween, e acabou por sofrer inúmeros cortes no rosto com o barbeador, logo após a moça recolher alguns fios de seu cabelo. “So be it”, lembra? Mas o “sangue” no título desta coluna não faz menção à estes eventos isolados que renderam um bom humor negro ao longo dos seis anos de exibição desta série (atualmente na sétima temporada); Mas sim ao fato de que esta coluna deverá abordar além das brilhantes comédias da rede americana CBS – a supracitada Two and a Half Men e The Big Bang Theory, as sangrentas (essas sim, exibem litros) Dexter e True Blood.
Two and a Half Men é uma série que lhe cativa com apenas um nome: Charlie Sheen. Por mais brilhante que possa ser as atuações dos coadjuvantes – a maluca da Rose, o pobre coitado do Alan, a excelente Berta (minha preferida) e o flatulento Jake -, Charlie é o pilar que sustenta esta comédia. Desde Top Gang, onde o ator conheceu seu “futuro irmão”, John Cryer (o cara que se ferra o filme todo, lembrou?), Charlie possui o incrível carisma de com uma careta, arrancar risos do telespectador, e isso se perpetua em todos os papéis de comédia interpretados pelo ator. Somados aos talentos dos atores secundários já citados e ao roteiro redondo, a série tornou-se uma das comédias mais assistidas no Brasil.
A premissa é bem simples. Alan é um típico loser americano: um quiroprático pai divorciado que perdeu todos os seus bens para a mulher, e após a separação veio buscar refúgio na casa do seu irmão bem de vida, Charlie, um solteirão garanhão de meia idade compositor de jingles que mora em uma casa na praia de Malibu. Um é exatamente o oposto do outro. Alan gosta de compromisso, Charlie gosta de “variedades”, mas ambos possuem um único sentimento em comum: ódio da mãe. É neste clima deveras familiar que a trama de Two and a Half Men se desenvolve.
Apesar de eu não gostar de admitir, a série é um tanto machista, já que a maior parte da diversão está na vida de Charlie, e acredite, ele troca mais de namorada do que troca de roupa, literalmente! No entanto, a convivência com seu irmão e seu sobrinho faz com que seu personagem começe a ganhar pitadas de humanidade e espírito familiar, contra a sua vontade, vale dizer. O roteiro é talvez o responsável por todo esse sucesso. Os diálogos são sempre memoráveis e as tiradas dos personagens principais, principalmente da Berta, rendem sempre boas gargalhadas.
Os Personagens
O que mais me impressiona em THM é que todo, absolutamente TODO o personagem fixo possui personalidade forte. Os já citados são os principais, mas além deles: Evelyn, a mãe do Charlie e Alan, que sempre aparece bem (até quando está ao telefone), a psicóloga inicialmente de Jake e posteriormente de Charlie é extremamente hilária – um poço inesgotável de sarcasmo, Judith (mãe de Jake) e seu marido Herb; e até a segunda esposa do Alan, a estúpida e estonteante Kandi fez uma ótima participação. Além de Mia, Chelsea e tantos outros. Até as personalidades em participações especiais aparecem bem: Sean Penn, Steven Tyler (a última cena deste em especial, é perfeita), Emilio Estevez, Martin Sheen (que vive quase um padrasto de Charlie em um episódio – é pai de Rose (na série) e de Charlie (na vida real), entre muitos outros. Todos são sempre muito bem encaixados e trazem o foco para si quando necessário.
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– Charlie e Alan
Digamos que oitenta por cento das tramas de roteiro de THM gira em torno dos dois, e pudera, eles são os principais. O interessante é que apesar de estarem juntos à 7 anos, a interação destes dois personagens não ficou maçante e insosso, muito pelo contrário, o roteiro sempre nos presenteia com uma situação mais inusitada que a outra envolvendo os Harpers, quando não repete situações de formas diferentes: Um bom exemplo são as vezes que Alan decide que vai se mudar, geralmente acontece depois de uma grande briga com Charlie. Nós sabemos que eventualmente ele vai voltar, mas as diferentes formas que o obrigam a fazê-lo é sempre orquestrado de um jeito diferente e divertido, da maneira que esta mesma situação torna-se sempre sinônimo de diversão.
– Jake e seu crescimento: Um problema
Jake desde o início se mostrou ser uma criança que conseguia interagir de forma extremamente harmoniosa com a dupla principal, muitas vezes roubando a cena dos veteranos. Constantemente o próprio ator mirim não conseguia se conter, era visível que algumas de suas risadas eram muito verdadeiras, conseqüências diretas da convivência com Sheen e Cryer, creio eu. Quando Jake dentro da própria série iniciou-se aos mistérios ocultos e incompreensíveis da adolescência, nós espectadores fomos presenteados com inúmeros episódios memoráveis. Estávamos vendo ali o ápice da trajetória do personagem, que eu gosto muito de considerar como sendo o primeiro episódio da quinta temporada. Neste, em especial, Jake sai com Charlie para uma “jornada” noturna; com direito a jantar, passagem na locadora e um escorregão em fezes caninas. Tudo peripécias do astuto e endiabrado Jake, que ao contrário do que Charlie prenunciara neste mesmo episódio, não foi nem de perto o começo da adolescência do moleque.
Digo isto porque se aquilo fosse o começo de toda a diversão que estava por vir, as temporadas seguintes deveriam ter Jake em seu cerne, explorando muito mais o personagem, o que não ocorreu. Na verdade, inicialmente houve uma tentativa de colocá-lo em evidência, mas infelizmente seu personagem perdeu a graça completamente. A jogada de mestre veio na sétima temporada, ao colocá-lo em um “terceiro” plano, deixando Charlie, Alan e Berta comandarem o espetáculo. Apesar de gostar muito de Jake, acredito que esta foi uma sábia decisão, e a série se salvou por pouco de uma derradeira e inevitável queda rumo ao cancelamento.
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A Sétima Temporada
Em especial, a temporada que está sendo exibida atualmente nos apresenta um Charlie mais fiel e caseiro. O solteirão finalmente afirmou seu noivado com Chelsea e aparentemente tudo vai muito bem. Alan continua o mesmo, um pouco mais sozinho e com um lado feminino muito mais aflorado que o normal. Berta aparece bem mais, e continua banhando-nos com seu sábio óculo irônico sobre a vida dos Harpers. Jake teve participações modestas, mas conseguiram como já mencionei no tópico anterior, colocá-lo de uma forma interessante e benévola para a saúde da série. Judith e Herb possuem uma relação mais sólida, sobretudo agora que ganharam uma filha.
A atmosfera desta temporada parece ser a estabilidade. Nada de episódios muito excêntricos como o último da temporada passada, que parodiava as clássicas séries policiais estilo CSI. Simplesmente uma trama divertida focada sobre os relacionamentos que se estabeleceram em ocasiões anteriores. A meu ver, Two and a Half Men é uma série que consegue de renovar ano após ano, e explorar as peculiaridades sobre a vida de uma família tão diferente e contraditoriamente normal que são os Harpers. Por isso que agrada. Por isso que é um sucesso. Por isso que eu gosto muito!
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Parece que a sétima temporada sofrerá uma pausa – http://wp.clicrbs.com.br/foradeserie/2010/02/23/c…
Noooossa! Que droga. =(