Existe um nicho sobre a qual o canal HBO investe quase como um gênero próprio, que são as séries “dramédias”, com alguma pretensão bem como o risco de sua não justificativa em si. Há exemplos bem sucedidos – ainda que o público não tenha comprado a ideia – vide o original Enlightened ou mesmo o recente Family Tree.
Togetherness é o exemplar da vez. É bem sucedido em todas as nuances da alcunha. Trata-se de uma criação da dupla de irmãos Jay e Mark Duplass, que vêm se notabilizando pela constância de projetos badaladinhos no circuito audiovisual Indie norte americano. E ambos ainda são atores cada vez mais conhecidos do mainstream: Mark faz parte do quarteto protagonista. E Jay é um dos filhos da família disfuncional de Transparent, outra série – dessa vez da ascendente Amazon – que poderia estar encabeçando qualquer lista de melhores desse subgênero.
Togetherness mostra a vida comum e o difícil dia a dia de dois casais na faixa dos 40 anos que vivem sob o mesmo teto e lutam para manter seus relacionamentos. Nessa primeira temporada, Brett Pierson (Mark Duplass), um editor de áudio, se esforça para trazer a paixão de volta ao casamento com Michelle (Melanie Lynskey), que está cansada da vida de mãe e dona de casa e procura retomar as raízes de ativista social. No meio disso tudo, a irmã de Michelle, Tina Morris, vivida por Amanda Peet, se muda para Houston para viver com o casal. Tina sempre mantém o bom humor e está em busca de um homem rico que a sustente enquanto tenta provar que pode ser um case de sucesso. Já Alex Pappas (Steve Zissis), que nos tempos de escola parecia predestinado a um futuro brilhante, está gordo, careca e vendo o sonho de ser um ator de sucesso desmoronar.
O roteiro se nivela por meio de uma espécie de áurea indie, mas sem cair no pejorativo do termo. Existe alma naquele intrincamento afetivo de personagens. As questões sobre o desgastamento do casamento e até da busca por uma identidade dentro das transformações da maturidade são universais e a trama equilibra com leveza essa temática, dentro do registro cômico, como se buscasse a relativização da reflexão. Togetherness é uma boa surpresa em seu próprio gênero, e inspira curiosidade sobre o que virá daquele seio disfuncional nas próximas temporadas.
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