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“Vinyl” e a fragilidade aparente de seus titãs

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Mais do que o peso de uma assinatura, uma obra pode acabar sendo vítima do excesso dela. No caso da série Vinyl, primeira grande aposta da HBO em 2016, isso fica muito claro, mesmo sendo uma teledramaturgia que honre o repertório do canal fechado americano. Projeto do roqueiro Mick Jagger, que foi acampado pelo cineasta Martin Scorsese, e com roteiro de Terrence Winter, a série remonta a cena musical setentista de uma New York entre o glamour marginalizado e uma revolução cultural.

Richie Finestra (Bobby Cannavale) é o fundador e presidente da gravadora American Century Records, que imerge nas desventuras da indústria musical quando sua empresa está sob a ameaça de ser vendida para um grupo alemão (PolyGram). A empresa está em maus lençóis, mas um acontecimento restaura seu amor pela música, ao mesmo tempo que prejudica sua vida pessoal.

A esposa de Finestra, Devon (Olivia Wilde, linda e ótima), já viveu uma vida glamourosa como atriz e modelo, mas agora vive com as crianças na casa da família no subúrbio, o que a faz repensar a relação e a vida conjugal. Richie tenta salvar sua gravadora com preocupações humanas e artísticas, mas esbarra no vício em drogas e questões perniciosas que tangem os bastidores daqueles tempos e universo.

Os dez episódios são tecnicamente brilhantes, com uma fotografia cinematográfica (no sentido de não ser muito usual do que temos visto na TV, mesmo na chamada “era de ouro da TV americana“) e cenas de muita precisão entre o roteiro e a direção. Mas assim como o episódio piloto, que fora dirigido pelo próprio Scorsese, muito gabarito não representou ótimo resultado. Sim, trata-se de uma série até acima da média, mas, por exemplo, seus personagens não são os mais cativantes de se acompanhar.

836053-thumbMesmo com Cannavale compreendendo bem seu papel, as figuras que gravitam a história – com poucas exceções como a Jamie Vine, da danada da Juno Temple – não são interessantes dramaticamente. Assim como o roteiro que pouco avança na diluição da trama episódica, o que é uma surpresa dada a expertise de Winter.

A sensação que dá é que a paixão de Jagger e Scorsese ficou concentrada na ambientação, que, isso sim, é perfeita, e pouco desenvolvida na sua dramaturgia. O universo da época é muito bem representado, mas a história não acompanha o mesmo vigor, digamos, temporal.

Vinyl é o tipo de história que pode ser melhorada, e até o perfil do seu anti-herói protagonista aponta para isso. A segunda temporada, que foi aprovada antes do piloto ir ao ar, vai nos dizer se Vinyl é um devaneio de Jagger (corroborado por Scorsese) ou uma atração que cresce na medida em que sua existência como série se perpetua.

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Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

1 Comentários

  • Pô Renan, achei sua análise muito boa. Tava pensando em escrever sobre a série – que tanto prometia – e acabou entregando um resultado aquém do esperado.

    Acho que hoje as séries tão muito focadas em chamar atenção da audiência – na onda Game of Thrones, o que muitas vezes compromete uma veracidade na história como acho que acabou sendo o caso de Vinyl. Como por exemplo o assassinato que acabou levando a lugar nenhum já que o Ricky escapou numa boa dois episódios depois ou algo assim.

    Espero também que melhore na próxima temporada…

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