Quem não conhece Mogli, o garoto criado por animais no meio de uma selva? Neil Gaiman não esconde qual foi sua inspiração para escrever O Livro do Cemitério. O Livro da Selva, de Rudyard Kipling, foi a base para esse romance infantojuvenil, então não estranhe a semelhança. Esse é o último lançamento do autor inglês aqui no Brasil pela editora Rocco no selo Jovens Leitores, que traz uma história tocante e inteligente recomendada para homens e mulheres, jovens e adultos, vivos e mortos.
Ninguém Owens, antes de assim ser chamado, era um bebê bem ativo que não fazia ideia do que lhe esperava. Em uma noite nevoenta, um homem chamado Jack entra em sua casa, mata seus pais e sua irmã mais velha e deixa o último membro da família escapar. O pequeno garoto, sem saber do que acontecia, vê a porta aberta e foge para o cemitério próximo de casa, um lugar repleto de fantasmas que o adota e protege. Assim “nasce” Ninguém Owens, ou Nin, ou o menino vivo.
Mas o lugar não é um simples cemitério assombrado. Ele é mágico. Nin tem a liberdade de poder andar por onde quiser entre os limites do solo sagrado, podendo inclusive desaparecer e passar pelas paredes. O que o diferencia dos outros moradores do lugar é a sua condição de vivente. Lá dentro ele cresce, é educado por Silas, seu guardião misterioso que também não pertence àquele lugar. Em meio a histórias contadas pelos fantasmas, ele se transforma em um garoto curioso e querido por todos que lá vivem. Um lugar que mete medo em muitos é aquele que o protege dos perigos de fora.
Cada capítulo de O Livro do Cemitério mostra Nin em tempos diferentes vivendo várias aventuras. Há um fino fio que liga diretamente um capítulo ao outro, que superficialmente parecem ser histórias separadas. Mas o perigo sempre ronda o protagonista, e no fim esses vários elementos tratados durante a trama se unem transformando o desfecho da história de Nin em algo único. O garoto é encantador, mostrando ser mais sensato que muitos adultos, tendo um pensamento aguçado e sincero por ter crescido em ambiente tão diferente. Ele é mágico, assim como o lugar onde vive.
Gaiman faz o leitor simpatizar instantaneamente pelo protagonista e os fantasmas que vivem com ele. Narrando de forma simples e detalhando apenas o principal para montar os cenários, ele utiliza formas de linguagem pertinentes à época em que cada fantasma viveu e familiariza o leitor com o cemitério detalhando inclusive as lápides de cada personagem importante para a trama. Por mais fantasiosa que a história possa ser, Gaiman faz parecer que tudo poderia ser realmente real.
O Livro no Cemitério convida a explorar não só a história de Nin, mas o mundo onde o próprio leitor vive. É isso o que o garoto faz durante toda a trama, e é essa a mensagem que Neil Gaiman deixa no final. Aproveitar enquanto se é vivo para conhecer tudo o que está ao alcance e tentar chegar àquilo que não está. O livro encanta por tratar de forma tão leve e bem humorada um assunto como a morte, e ainda traz boas passagens fantásticas que misturam o real ao imaginário onde tanto a trama quanto as personagens cativam.
Ainda quero ler tudo do Gaiman.
p.s.: po, feed incompleto não dá. voltem os rss completos.
Droga…tantos livros para comprar. Eu deveria dar mais atenção aos livros do Gaiman, até hoje só li o Belas Maldições. Fiquei com muuuita vontade de ler esse livro, tipo agora! Preciso que o Ambrosia faça uma promoção com os livros dele para eu ganhar hahaha.
preciso comprar esse livro. Gostei tanto de Coraline que comprei quase todas obras disponíveis de Gaiman XD
Alguém pode me dizer qual o nome da seita que estava atras do Nin , e por que ?