Literatura

O Livro do Cemitério

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Hoje estou aqui pra falar de um dos meus autores favoritos e sua obra mais recente. Neil Gaiman, o inglês criador de diversas histórias cultuadas no mundo de contos fantásticos voltou às prateleiras brasileiras esse ano com O Livro do Cemitério. Em parceria mais uma vez com Dave McKean, que criou as ilustrações do livro, Gaiman apresenta ao público uma história cheia de bravura e sem medo do desconhecido.

Inspirado pela história original de Mogli, O Livro da Selva, de Rudyard Kipling, e por seu próprio filho, Gaiman começou a conceber 20 anos atrás a história sobre Ninguém Owens. Ele sempre teve o hábito de passear entre os assuntos de ordem sobrenatural, e em O Livro do Cemitério não é diferente.

A narrativa começa pesada: a família de Nin é assassinada por um misterioso homem chamado Jack. O garoto, que é um bebê ainda, é hiperativo e esperto, e por uma conhecidência consegue escapar das mão do assassino, evitando um trágico final da sua vida. Ele escapa de sua casa e acaba parando em um cemitéiro abandonado da cidadezinha, e lá é acolhido por uma família de fantasmas. Claro que isso não corre de uma meneira simples, mas é decidido por forças maiores. A partir deste ponto, vemos toda a vida de Nin dentro do cemitério até a adolescência. Vemos como é a experiência de ser criado por pessoas que viveram em outras épocas e como é lidar com criaturas fantásticas. Além de ver o que ele deve fazer quando finalmente tentar viver no mundo a que pertence: o mundo das pessoas vivas, que é pior que o mundo dos mortos, para ele.

Apesar de aparentemente estar tudo bem, o homem que matou a sua família continua à espreita aguardando notícias e uma chance de iniciar o que começou, e Nin tem que encarar o medo real pela primeira vez.

Neil Gaiman acerta em quase tudo criando uma história leve, mesmo sendo em um ambiente sombrio e que provavelmente deixaria qualquer humano com os cabelos brancos. O mais legal é como o psicológico do garoto é realmente atípico por estar em condições “selvagens”, e como a percepção das coisas que não conhecemos para ele é muito mais simples. Um outro fato de que me lembrei é como o aspecto alegre dos mortos remete a Tim Burton: é extremamente divertido e longe do que todos nós pensamos ser caso existisse.

A única coisa que me irritou mesmo foi o desfecho: é tão óbvio que aquilo vai acontecer. Fica evidente. Talvez seja a minha implicância recente com a preguiça de Neil Gaiman não mudar de assunto na hora de escrever. Mas acho que para a maioria das pessoas deve ser muito legal, mas quem conhece o estilo dele sabe qual vai ser o desfecho. Acho que é cisma pessoal não achar esse livro tão genial assim, afinal O Livro do Cemitério foi um dos livros mais premiados na carreira do Gaiman e não li nenhuma crítica pesada sobre ele.

Mas devo dizer que as ilustrações de Dave McKean são maravilhosas e conversam com o momento da história e o texto. Um trabalho de sombra e luz tão bonito e traços cheios de personalidade. Tava com saudade de ver ilustrações assim do McKean, que sempre trabalhou muito bem com manipulação de imagem.

Então, se você está na dúvida, leia. É sim uma aventura gostosa de ler, apesar de eu achar que existem momentos previsíveis. Mas o universo é rico, e o perfil psicológico do protagonista é deveras interessante.

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1 Comentários

  • O Neil Gaiman precisa realmente sair da fórmula que ele mesmo criou. Gozado você citar o Tim Burton, pois é um que sofre do mesmo problema.

    Pelo menos em seus trabalhos recentes pra Marvel e pra DC ele deu uma variada. Mas quando o trabalho é autoral…

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