Parece que faltou um pouquinho de amadurecimento para Besouro Verde – O Filme, com o perdão da piada pronta. O projeto que passou meses sofrendo com abandono de direção, roteiro alterado e cenas refilmadas acabou gerando um resultado mediano e não digno da forma divertida e ácida do roteirista e ator Seth Rogen, e da direção sempre artística – mas nem tanto desta vez – do francês Michel Gondry.
Originalmente Stephen Chow faria tanto o lutador e faz-tudo Kato quanto dirigir o filme, mas acabou abandonando tudo com a película ainda em pré-produção. Nicholas Cage chegou a ser contratado para interpretar o vilão principal mas deu tantos pitacos que acabaram por tirá-lo da produção. Rogen estava numa sinuca de bico e as coisas só começaram a melhorar quando conseguiu Gondry para direção e o divertido Jay Chou para o papel de Kato. Com Cameron Diaz no papel feminino da história, o oscarizado Christoph Waltz para o papel do vilão Chudnofsky, e o sempre ótimo Edward James Olmos como o jornalista que assume o jornal The Daily Sentinel no lugar do falecido pai de Britt Reid, as coisas finalmente estavam parecendo entrar nos eixos.
Entretanto nas primeiras exibições de teste o filme foi extremamente mal recebido, o que levou a Sony Pictures a solicitar retoques adicionais, mas este recorte todo acabou prejudicando claramente o resultado final. Que fique claro: o filme não é ruim. Na verdade, tem momentos realmente muito divertidos e bem feitos, mas como um produto completo é um pouco falho e falta amadurecimento. Rogen e Gondry parece que não conseguiram medir o que é galhofa e o que é sério.
Na história o céu cai sobre a cabeça do playboy fanfarrão Britt Reid (Rogen) quando seu pai morre estranhamente. Cabe a ele cuidar do jornal da família e é aí que começam a surgir idéias em sua mente sobre ajudar as pessoas e fazer justiça com as próprias mãos, principalmente depois que conhece Kato suas qualidades de lutador, fazedor de café e motorista. O humor clássico de pastelão que Rogen desenvolveu em seus outros projetos está ali, bem como a estilização visual de Gondry – as cenas de luta são ótimas e muito inovadoras – mas percebe-se que faltou um pouco de tempero. Sazon, talvez?
Waltz marcou o cinema americano pra sempre com a fantástica interpretação de Hans Landa em Bastardos Inglórios (2009, Quentin Tarantino), mas em Besouro Verde faz um papel insosso ao deixar a galhofa de lado para tentar nos convencer com um vilão que claramente não é. Realmente uma pena, afinal já vimos o talento deste homem. Certamente alguém com mais pinta de comediante e veterano faria melhor o papel do tosco Chudnofsky, ou pelo menos nos faria rir mais.
O que é bom no filme é a soma de momentos do roteiro com real graça, a ótima interpretação de Chou (muito mais que a de Rogen), da seriedade real de Olmos no papel de um cara centrado na trama e das cenas muito legais de luta. Cameron Diaz também está muito bem, mas fora estes elementos o filme precisava de um pouco mais de cuidado. O resultado completo vale a pena de se ver na telona apenas se não tiver mais nada passando de bacana no seu cinema.
No fim ficamos com a impressão de que, se Tarantino tivesse dirigido este filme – um cara que já homenageou Besouro Verde mais de uma vez em Kill Bill – ele teria sido infinitamente melhor. Quem sabe numa próxima vez…
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[xrr rating=3/5]
O que eu quero saber é: Você acha que o filme merece uma continuação? O primeiro filme do Wolverine foi muito ruim, mas agora a franquia promete com o Aronofsky na cadeira de diretor. Ao mesmo tempo outras franquias só acertaram começando de novo. O quer seria ideal?
Cara, acho que são duas coisas bem diferentes. O Wolverine foi um filme que teve problemas semelhantes mas recebeu um diretor que ninguém sabia quem era e que não teve liberdade nenhuma. O resultado foi o fim da picada. No caso do Besouro tem dividido opiniões, mas quem buscava diversão gostou muito e deu um dinheiro legal até agora. Uma continuação com um pouquinho mais de cuidado no TOM do filme resultaria em algo ótimo =)
Por incrível que pareça eu gostei do que vi. Não conhecia muito o personagem, mas achei o filme divertido. Mas claro, em nenhum momento levei o longa a sério. Para mim foi galhofa do início ao fim. Eu achei justamente o contrário que você, Morcelli. Não gostei muito das cenas de luta, mas achei o Seth Rogen bem engraçado. Mais uma vez, não estou julgando o longa enquanto adaptação – até porque eu nem tenho conhecimento para tal -, mas sim enquanto filme (tosco).