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Carrie Fisher: Para além da Princesa Leia

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Carrie Fisher ficou imortalizada como a Princesa Leia de Star Wars. Na verdade ela pertencia a um tipo de realeza na vida real: a realeza do showbiz. O sangue azul lhe foi conferido pela mãe, a atriz e cantora Debbie Reynolds, e pelo pai, o cantor Eddie Fisher. Desde cedo, Carrie lidou com os holofotes. Mesmo após o estrondoso sucesso da saga intergaláctica de George Lucas, ela se manteve atuante em projetos na literatura e roteirizando filmes. Além de seu lado engajado em causas sociais, uma faceta que em muito lembrava sua personagem mais famosa. Para além da Princesa Leia, vamos relembrar alguns dos outros trabalhos da já muito saudosa Carrie Fisher.

Os Irmãos Cara-de-Pau

Na antológica comédia de 1980, a atriz aparece como a vingativa ex-amante de Jake (John Belushi). Apesar de ter chamado atenção (até porque na época já era famosa), sua personagem não tinha um nome definido. Ela foi nomeada apenas como Mulher Misteriosa.

Woody Allen

Carrie Fisher possuía uma inteligência acima da média. Isso, claro, chamou a atenção de Woody Allen, que a escalou para o papel da personagem April em seu filme de 1986, “Hannah e Suas Irmãs”.

Harry e Sally

A atriz também tem uma importante participação na comédia romântica “Harry e Sally- Feitos Um Para o Outro”, com Billy Crystal e Meg Ryan, de 1989. No filme do diretor Rob Reiner, Carrie interpreta Marie, melhor amiga de Sally. Uma personagem coadjuvante fundamental para o bom funcionamento da trama.

Lembranças de Hollywood

Em 1987, Carrie escreveu seu primeiro romance, “Postcards from the edge”, batizado no Brasil como “Memórias de Hollywood”. Era um livro semi-autobiográfico que romanceava e, de certa forma, satirizava eventos de sua vida real, como sua dependência de drogas do final da década de 1970 e seu conturbado relacionamento com sua mãe. Tornou-se um best-seller e ela recebeu o Los Angeles Pen Award para Melhor primeiro romance. Ali, sua veia escritora ficava evidente publicamente. Em 1990, o livro ganhou uma versão cinematográfica dirigida por Mike Nichols e roteirizada pela própria Carrie. Meryl Streep interpretava seu alter ego e Shirley MacLaine sua mãe. Meryl concorreu ao Oscar de melhor atriz pelo filme.

Entrevista com Madonna

Pouca gente aqui no Brasil sabe (ou se lembra) que Carrie Fisher fez uma entrevista com Madonna para a revista Rolling Stone em 1991. A conversa foi dividida em duas partes. A primeira publicada em 13 de junho e a segunda em 27 de julho daquele ano. Carrie nunca tinha entrevistado alguém antes. Talvez por isso o resultado foi um bate papo aberto e descontraído, que acabou descambando para assuntos como homens, sexo e drogas. E com direito a Madonna admitindo ser ruim de sexo oral. Carrie disse depois que o que fora visto em “Na Cama Com Madonna” não era longe da realidade. Confira a entrevista na íntegra e no original aqui.

Carreira literária

“Lembranças de Hollywood” é sua obra mais famosa. No entanto ela não parou por aí. Ela lançou em 1990 “Surrender The Pink”, uma sagaz visão sobre idas e vindas do amor. “Desilusions of  Grandma”, de 1993, também versa sobre as  angústias sentimentais femininas. A trama mostra uma roteirista grávida de oito meses e meio insatisfeita com seu relacionamento. Acreditando que não irá sobreviver ao parto, Sharpe começa a escrever cartas para o seu bebê, revivendo a trajetória que a deixou naquela situação. “The Best Awful There Is” é uma espécie de continuação de “Lembranças”, e foca na relação de seu alter-ego com o marido. A inspiração era seu relacionamento com Bryan Lourd, pai de sua filha, a também atriz Billy Lourd. Também atraíram bastante a atenção suas autobiografias. “Wishful Drinking” se baseava no stand up que criou em 2007, em que falava, entre outras coisas, sobre sua dependência alcoólica (assista à parte em que fala de “Star Wars” aqui). A recente “Memórias de Uma Princesa: Os diários de Carrie Fisher” fala sobre sua vida na fase “Star Wars”. Um dos assuntos é o romance que teve com Harrison Ford (seu par no filme), que na época era casado.

Roteiros para cinema e TV

Carrie atuou como ghost writer e script doctor em vários roteiros de Hollywood durante todo o período em que esteve ausente das telas. Ela colaborou, sem ser creditada, no roteiro de “Máquina Mortífera 3”. Muitos dos diálogos da personagem Lorna Cole (Rene Russo) foram escritos por ela. A comédia com Adam Sandler “Afinado no Amor” também teve sua participação no tratamento do script. Ela, inclusive foi contratada por George Lucas para tratar alguns roteiros da série de TV “O Jovem Indiana Jones” (imagem acima) e até algumas linhas de diálogo da trilogia prequel de “Star Wars”.

Frases

Como uma pessoa inteligente e bem humorada que era, Carrie Fisher tinha várias tiradas irreverentes, muitas delas em que fazia auto-paródia. Confira algumas:

Todo mundo deixa todo mundo louco*. Eu apenas tenho um carro maior. (falando sobre relacionamentos no Time Out New York)

Sabem o que acontece com celebridades velhas? Ou morrem ou vão para Las Vegas. (falando sobre envelhecer para a Rolling Stone)

Eu não acho que já tenha sido suicida, e provavelmente foi por causa das drogas. (falando sobre o que a mantém sã, para a Rolling Stone)

Perguntada pelos pais sobre o que diria a seus filhos sobre o biquíni da Leia, ela respondeu: Eu digo a eles que eu fui capturada por uma lesma gigante que me obrigou a usar aquele traje ridículo. Eu o matei porque eu não gostei. E aí eu tirei.

Eu sou muito sã sobre a quão louca eu sou

Eu basicamente me considero uma malandra de rua, infelizmente essa rua é a Rodeo Drive

A melhor parte do sucesso é o dinheiro, as viagens e as pessoas que você conhece. A pior parte é, de novo, o dinheiro, as viagens e as pessoas que você conhece.

Eu dormi com algum nerd. Eu espero que tenha sido o George Lucas. Eu estava muito bêbada para lembrar. (fazendo piada sobre como conseguiu o papel em Star Wars)

Eu serei sempre a Princesa Leia, não importa o que haja. Se eu quiser uma boa mesa em um restaurante eu digo que escrevi “Lembranças de Hollywood”. Se quiser que alguém receba meu cheque eu eu estiver sem minha identidade, eu não vou perguntar: “você viu ‘Harry e Sally’?” Princesa Leia é o que estará escrito no meu túmulo.

*deixar alguém louco em inglês é ‘drive crazy’. Drive também significa dirigir.

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