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Crítica: Lucy é a nova mulher forte de Luc Besson

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Luc Besson está de volta fazendo o que ele melhor sabe: colocar uma protagonista feminina forte em situações inusitadas e/ou absurdas. Foi assim com “Subway”, que tinha à frente Isabelle Adjani, além de catapultar Christopher Lambert ao estrelato; “Nikita”, com Anne Parillaud e “O Quinto Elemento”, estrelado por sua então esposa Milla Jovovich, apenas para citar alguns. A bola da vez agora é Scarlett Johansson.
Em “Lucy” (Idem, França/2014), a atriz interpreta a personagem título, uma jovem americana que vive e estuda em Taipei, Taiwan. Levada a trabalhar como uma mula de drogas por seu ficante pouco confiável, cujo empregador é um chefão do tráfico coreano, o Sr. Jang (Ming-Sik Choi, protagonista da de “Oldboy”). Lucy entrega uma maleta a Sr. Jang contendo uma droga sintética muito valiosa chamado CPH4. Ela é capturada e um saco da droga é forçosamente costurado em seu abdômen e de outras três mulas de drogas que também transportariam a substância para comercialização na Europa.

Lucy-Scarlett-Johannson-2014

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Após apanhar no cativeiro, o saco se rompe, liberando uma grande quantidade da droga em seu organismo. Como resultado, ela começa a adquirir uma poderosa e progressiva capacidade física e mental, indo de telepatia, telecinese, até viagem no tempo mental, e estas não são todas suas habilidades. Atrás de investigar sua condição, Lucy busca o professor Norman (Morgan Freeman), renomado médico e cientista cuja pesquisa pode ser a chave para salvá-la. Lucy ainda segue para Paris, onde ao lado capitão de polícia Pierre Del Rio (Amr Waked de “Syriana”), busca encontrar os três pacotes restantes da droga.
Em meio a esse oceano de remakes e adaptações, assistir a um filme de ação original é bastante incrível, ainda mais com roteiro do próprio Besson. Mesmo originalidade não sendo propriamente o forte da película, assim como em O Quinto Elemento, o fator liquidificador está presente. No filme de 1997 fomos remetidos a “Blade Runner”, “Star Wars” e “Alien”, já neste aqui temos de “Kill Bill” “A Origem”. Ainda assim Besson tem um dom de reciclar elementos já conhecidos e torná-los atraentes, ainda que pouco batidos.
Sua câmera está irresistível como sempre, azeitada pela bela fotografia de Thierry Aborgast, que já havia trabalhado com o diretor em “Nikita”, “Quinto Elemento” e “Joana D’arc”, e por sua edição frenética e precisa. Scarlett Johansson está bela e cativante como se espera, facilitando muito o trabalho do departamento de fotografia.
O script, que Besson começou a desenvolver há dez anos, serve de plataforma para um ensaio sobre as consequências da utilização de maior capacidade cerebral humana. Tema já abordado recentemente em “Sem Limites”, estrelado por Bradley Cooper, mas com viés mais pé no chão. Lucy acena para a fantasia e se concentra na divagação. E nessa divagação encontra espaço até para uma sequências de lógica similar à da viagem lisérgica acarretada pelo encontro astronauta com o monólito de “2001: Uma Odisseia no Espaço”, mas o resultado se aproxima mais de “A Árvore da Vida”, que bebeu na mesma fonte.

Scarlett-Johansson-Lucy

Apesar de toda a ação e da violência, o roteiro foge do óbvio banho de sangue. Ao passo que Lucy vai expandindo sua capacidade cerebral ela já não precisa enfiar facas ou atirar em ninguém. Outro aspecto que chama a atenção são os efeitos especiais da Industrial Light & Magic, que aqui fogem do modelo convencional de mero espetáculo e estão com a função de expandir os devaneios de Besson. Também merece destaque a trilha sonora que inclui tema de Eric Sera e a música composta por Damon Albarn, Sister Rust.

 – – –

Apesar do esmero, Lucy não saiu caro para os padrões de uma super produção. Foram 40 milhões de dólares de orçamento, já batidos no primeiro fim de semana de exibição nos EUA. Lucy torna-se assim outro bem-vindo trabalho do cineasta francês, que se não prima pela originalidade, ainda assim é um dos poucos cineastas com identidade no mercado mainstream atual. O sucesso nas bilheterias já está fazendo o diretor a ser sondado a respeito de uma continuação. Ele não descarta, mas seria bom se Besson seguisse a tradição da maioria dos diretores de seu país na sabedoria da hora de terminar uma história, independente de o fim fazer ou não muito sentido.

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