Sob Pressão pode tranquilamente receber a alcunha de melhor filme do diretor Andrucha Waddignton. E um dos grandes destaques da Première Brasil do Festival do Rio 2016 até o momento. Livremente inspirado no livro “Sob Pressão – A Rotina de Guerra de um Médico Brasileiro“, no qual o Dr. Marcio Maranhão relata a caótica rotina dos centros médicos públicos no país, o filme é um retrato urgente e vertiginoso da dura realidade do sistema de saúde pública do país.
Mesmo o roteiro vertendo a pungência do livro para uma visão cinematográfica mais imediatista, numa sucessão de situações-limite, Andrucha amarra sua trama com habilidade técnica e dramaturgia sólida – louros também para a ótima fotografia de Fernando Young – em que a tensão é estimulada num crescente absurdo. O que faz o filme ser maior que sua necessidade de absorver os clichês do cinema americano do tipo, é justamente a assimilação que faz com a realidade num âmbito geral, onde os recursos são escassos, a criminalidade irrompe as salas cirúrgicas e as equipes médicas são sobreviventes de um caos social.
A produção acompanha os dilemas do Dr. Evandro (Júlio Andrade), cirurgião em um hospital público sucateado do subúrbio do Rio de Janeiro. Em meio à chegada de uma nova administradora (Andrea Beltrão) disposta a fechar o centro cirúrgico, ele se vê diante da missão de salvar a vida de um traficante e de um policial, ambos às portas da morte, sem deixar que suas impressões sobre a violência deturpem o código de ética pelo qual trabalha.
Julio está muito bem como o médico que encabeça a equipe, numa composição que leva todo esse martírio ao paroxismo. O elenco em geral, está muito bem dentro da esquizofrenia retratada. Sob Pressão espetaculariza as agruras de uma realidade muito próxima, mas ainda assim consegue deixar a contundência ser mais evidente que seu sensacionalismo.
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