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O Homem de Aço

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Consegui pegar o novo Superman em uma das inúmeras pré estreias que estão passando nos cinemas do Brasil e cheguei a escrever uma longa e exaustiva resenha do filme, abordando diversos aspectos que eu entendi serem problemáticos no mesmo. Entretanto, eu entendi que muitos dos problemas deveriam ser melhor analisados, e de forma mais sucinta. Ainda assim, não quero dar a impressão que o filme não é uma boa diversão do ponto de vista do espectador comum, muito pelo contrário, quando você entra no cinema tendo plena consciência de que o filme é pura ação acéfala, você se diverte, da mesma forma que se diverte assistindo qualquer filme do Michael Bay.

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Zack Snyder abriu mão de seu estilo e dos efeitos em câmera lenta para mimetizar diversos diretores e criar um emaranhado de estilos no mesmo filme. O que talvez tenha sido, no finalmente, o que acaba por derrubar o ritmo do filme e sua história em prol de cenas de ação que ocorrem a cada 10 ou 15 minutos, algumas delas muito bem elaboradas e outras totalmente dispensáveis como a que vemos logo no começo em Krypton quando Jor-El (Russell Crowe) foge de seus perseguidores em cima de um tipo de dinossauro voador em meio a uma caótica batalha de naves espaciais.
Para quem pensar em George Lucas quando assistir essa cena, pode ter certeza que pensei a mesma coisa, especialmente pela total desnecessidade da mesma, do mesmo jeito que o diretor dos filmes de Star Wars é especialista em colocar cenas de ação desnecessárias em seu filme.

Kal-El (Henry Cavill) é mandado para a Terra carregando toda a herança genética dos kryptonianos em seu corpo gerado naturalmente, ao invés das incubadoras em que cada detalhe da genética é escolhida, o que nos leva ao General Zod (Michael Shannon), uma espécie de comandante militar do planeta que tenta tomar o poder e salvar as linhagens que ele acha mais puras e dignas de salvação, ao contrário de Jor-El que quer salvar a todos.
Na Terra, já o vemos adulto vagando pelo mundo, em cenas que nos remetem, as vezes a Terrence Malick e outras a Cameron Crowe (especialmente quando começa a tocar “Seasons” do Chris Cornell, levando a lembrar do fantástico “Vida de Solteiro”), procurando sua razão de viver e de ser e relembrando de seu passado, o salvamento de seus amigos da escola, as conversas com seu pai (Kevin Costner) e mãe (Diane Lane), ambos maravilhosos em seus papéis como seus pais terrestres.

Esses momentos intimistas, mostrando a busca de Clark Kent/Kal-El por seu verdadeiro ‘eu’ são o que faz deste filme algo maravilhoso e ao mesmo tempo seu ponto fraco no roteiro tendo em vista que a todo momento Clark se vê envolvido em algum tipo de situação que não deixa que entremos dentro de seu íntimo e possamos caminhar ao seu lado para crescer como personagem e pessoa. Há sempre uma cena de ação para cortar o clima intimista e de empatia. Logo que Clark descobre sua origem e ganha seu já famoso uniforme, o filme esquece de continuar desenvolvendo o herói e passa a ter cena de ação atrás de cena de ação, sempre com a desculpa de salvar os humanos ou Lois (Amy Adams). Aquele carisma inicial de Zod é substituído por uma loucura cega e as referências bíblicas são enjoativas (Superman com 33 anos, reaparecendo depois de anos desaparecido, para salvar a humanidade, etc)

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Talvez o grande problema do filme sejam algumas cenas desperdiçadas com longos diálogos que tentam explicar detalhe por detalhe, além das incontáveis cenas de ação e a destruição desenfreada que elas causam. Smallville e Metropolis vão precisar muito mais do que uma mão de tinta depois do que houve lá durante o filme. Novamente, o diretor abre mão de seu estilo e resolve ser incisivo nas cenas de ação, algumas bem inúteis, outras bem divertidas. Se em “Matrix Revolutions” a luta entre Neo e o Agente Smith foi considerado algo próximo de como seria uma luta live action do Dragon Ball Z, aqui não há margem para dúvidas pois qualquer luta envolvendo Superman e algum kryptoniano era puro DBZ. Destruição em massa, prédios caindo, socos em pleno voo, crateras sendo abertas no chão, raios saindo dos olhos, etc.

Talvez o filme e seus produtores, entre eles, Christopher Nolan, não souberam dosar as coisas como um todo já que o filme não abraça completamente qualquer tipo de direção a seguir. Uma hora ele quer ser filme de arte, outra ele quer ser ficção científica e na outra ele quer ser um drama familiar sobre o nosso lugar nesse mundo. Dessa mistura toda, ganhamos um filme que poderia ter sido tão melhor e tão mais explorado, que sinto até dó do desperdício de dinheiro para o gravar. Claro, ele vai se pagar facilmente, mas faltou algo e com certeza não foram explosões e cenas de ação.
Um detalhe, se esse filme foi gravado usando câmeras 3D, demitam o departamento técnico, nunca vi um 3D tão insosso e sem graça em filmes de ação, e isso inclui “Thor” que foi pós convertido.

Espera-se que as lições aprendidas com o filme possam ser utilizadas para melhorar mais e mais a franquia, mas antes de mais nada, troquem o diretor pois Zack Snyder se vendeu para fazer esse filme e com isso, não foi ele mesmo, o que é bem ruim para alguém que ficou marcado por ter um estilo próprio, seja no uso da imagem ou na trilha sonora, que a meu ver foi bem fraca e inconsistente, perdendo-se no meio de tantas explosões e pancadaria.

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