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“Quando as luzes se apagam” se sustenta por ótimos sustos e muito clima

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Ao que parece, Hollywood encontrou a forma perfeita para ser bem sucedida no terror, gênero que passou por maus bocados com filmes genéricos e pouco impactantes. O curioso é que esse ressurgimento tem o dedo (ou seria a garra?) do malaio James Wan, que não só realizou os interessantíssimos “Jogos Mortais”, “Sobrenatural” (além de sua sequência) e “Invocação do Mal” 1 e 2, como também foi o responsável para que outros projetos do mesmo estilo chegassem às telas.

Um deles foi inspirado num curta-metragem lançado em 2013 e que foi transformado em longa pelo mesmo diretor três ano depois. O resultado é “Quando as luzes se apagam” (“Lights out”, 2016) que, se não aproveitou bem todo o potencial do bom argumento, pelo menos vale para deixar o público com os cabelos em pé com uma ótima ambientação e sustos muito bem elaborados.

A trama é centrada em Rebecca (Teresa Palmer), uma jovem com problemas de se relacionar com pessoas, apesar da insistência de Bret (Alexander DiPersia), seu mais recente “rolo”, de levar o caso dos dois a sério. Os problemas começam quando ela descobre que seu irmão mais novo, Martin (Gabriel Bateman), está passando por algumas complicações em casa, muito parecidas com as que ela mesma enfrentou quando era mais jovem, e que causaram vários conflitos com sua mãe, Sophie (Maria Bello). Empenhada em proteger Martin, Rebecca volta para a casa onde nasceu e descobre que tudo está ligado a uma sinistra entidade que parece atacar no escuro e está disposta a destruir todos que estão no seu caminho colocando a sua família em grande perigo.

O que torna “Quando as luzes se apagam” um filme de terror interessante é na maneira encontrada pelo diretor de fotografia Marc Spicer para trabalhar as questões de luz e sombras, criando momentos bem assustadores nos momentos que o espírito maléfico ataca suas vítimas se apagam.

Embora apele demais para os chamados “jump scares” (sequências com sustos inesperados que fazem o espectador “pular” da cadeira), o diretor David F. Sandberg cria um ótimo clima de tensão, que faz o público torcer e se preocupar com os personagens em sua luta para impedir que a escuridão prevaleça. Uma das boas ideias é o recurso de utilizar a luz emanada por aparelhos eletrônicos (como celulares, por exemplo) como arma para enfrentar a entidade, que deixa o suspense ainda mais sufocante já que nem todas as intensidades de luz parecem eficazes contra a ameaça mostrada no filme.

Porém, um dos pontos fracos de “Quando as luzes se apagam” está justamente em seu roteiro. Embora o texto, escrito por Sandberg e Eric Heisserer, crie bons personagens, a explicação dos mistérios da trama soa genérica e sem criatividade. Além disso, há alguns furos em algumas sequências que não passam despercebidos nem para quem não presta muita atenção nestes detalhes.

Outro ponto fraco está na concepção da entidade, que mais parece uma mistura de Samara, de “O Chamado” com a vilã de “Mama”, embora seja bastante assustadora. A trilha sonora de Benjamin Wallfisch é apenas razoável, soando bem parecida com outras do gênero e nada marcante.

Encabeçando o elenco, Teresa Palmer está bem como Rebecca, mostrando os conflitos internos de sua protagonista em relação ao passado e sua disposição em defender sua família. O menino Gabriel Bateman tem uma atuação apenas razoável, já que, em alguns momentos, parece estar mais preocupado em se mostrar como um bom decorador de textos do que em atuar. Alexander DiPersia não é muito ajudado pelo roteiro, já que tem que dizer diversas frases que soam clichê, mas compensa ao demonstrar honestidade em relação aos seus sentimentos.

Maria Bello finalmente tem um bom papel, depois de ser desperdiçada no terrível “A 5ª Onda”. Ela consegue mostrar bem as contradições de Sophie, como uma mulher que mostra carinho pelos filhos, embora não seja exatamente uma forte candidata à mãe do ano.

Com apenas 82 minutos de duração, “Quando as luzes se apagam” pode não figurar entre os melhores filmes de terror do ano (cujos principais destaques ainda são “A Bruxa” e “Invocação do Mal 2”), mas vai certamente agradar aos fãs do gênero. Fica, no entanto, a sensação de que poderia ter sido bem melhor. Talvez todo o seu potencial seja melhor explorado em sua já anunciada sequência, que deve gerar mais sustos em seu público. Especialmente àqueles que têm medo do escuro…

Filme: Quando as luzes se apagam (Lights Out)
Direção: David F. Sandberg
Elenco: Teresa Palmer, Gabriel Bateman, Maria Bello
Gênero: Terror
País: EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Warner Bros
Duração: 1h 22 min
Classificação: 14 anos

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