"A 5ª Onda" não causa nem o efeito de uma marolinha – Ambrosia

“A 5ª Onda” não causa nem o efeito de uma marolinha

Depois do “vazio” deixado pelo fim da franquia “Jogos Vorazes”, com o lançamento do último episódio em dezembro de 2015, não demorou muito para Hollywood lançar mais um filme para preencher essa lacuna e criar uma nova série de filmes inspirados em livros que contam com fãs jovens e entusiasmados com suas histórias que contam com a mesma receita: protagonistas adolescentes, que enfrentam uma terrível ameaça num mundo distópico e desolado. É uma pena, no entanto, que apesar de uma ideia interessante, “A 5a Onda” (“The 5th Wave”) acaba se sabotando, graças a uma direção ruim, um roteiro mal construído e a uma escalação de elenco, no mínimo, duvidosa, o que prejudica seriamente os seus planos de se tornar uma saga de sucesso.

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Baseada no livro de Rick Yancey, a trama é centrada na jovem Cassie Sullivan (Chloë Grace Moretz), que tinha uma vida normal até o dia em que alienígenas chamados de “Os Outros” decidiram atacar a Terra. Primeiro, eles acabaram com toda a energia do planeta, o que deixou todos numa nova Era das Trevas. Depois, provocam um tsunami que mata boa parte da população mundial. Não satisfeitos, eles utilizam pássaros para disseminar uma doença que mata boa parte dos que escaparam das catástrofes anteriores.

Sobrevivente de todas essas tragédias, Cassie foge com o pai, Oliver (Ron Livingston) e o irmão caçula, Sam (Zackary Arthur) em busca de um local onde possam se sentir mais seguros.

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É quando eles descobrem que Os Outros realizaram sua quarta onda de ataques, assumindo o controle da mente de seres humanos e que uma força militar, liderada pelo Coronel Vosch (Liev Schreiber), quer usar os jovens para combater a ameaça e impedir a quinta onda, que pode acabar de vez com a humanidade. Só que Cassie, por causa de um contratempo, acaba se separando de Sam e tenta encontrá-lo. No caminho, acaba conhecendo um rapaz chamado Evan Walker (Alex Roe), que resolve ajudá-la a localizar o menino, treinado para fazer parte de uma equipe para matar os aliens. Mas ela vai descobrir que não vai ser nada fácil.

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Depois de um bom começo, quando mostra os devastadores ataques dos alienígenas com bons efeitos especiais, “A 5a Onda” cai consideravelmente de qualidade, com sequências mal dirigidas pelo pouco conhecido J Blakeson, tanto na parte técnica quanto na dramática. Algumas cenas de ação, por exemplo, são tão escuras que mal dá para ver o que está acontecendo na tela.

O cineasta não consegue tornar as atuações do elenco minimamente convincentes, tanto dos novatos quanto dos mais experientes. Para piorar, o péssimo roteiro escrito a seis mãos por Susannah Grant, Akiva Goldsman e Jeff Pinkner cria diálogos constrangedores, que acabam fazendo rir nos momentos que deveriam ser mais tensos. Especialmente quando tenta criar um triângulo amoroso à lá “Crepúsculo” entre os protagonistas e Ben Parish (Nick Robinson) na segunda metade da história, que se torna ridículo e totalmente fora do contexto até então apresentado.

Mas, para não dizer que tudo é ruim em “A 5a Onda”, pelo menos o contexto de perda da inocência, representado pelo fato de Cassie, lutando para sobreviver, não hesita em usar armas de fogo contra um inimigo que nem mesmo ela entende direito qual é. A ideia também é personificada pela questão de transformar crianças em soldados preparados para matar ou morrer em combate é interessante, embora possa deixar o espectador mais sensível desconfortável em ver jovens pegando em armas numa idade com tão pouca idade.

É uma pena, no entanto, que tudo é tratado de forma superficial e a alegoria não causa maiores reflexões, como foi, por exemplo, na série “Jogos Vorazes”.

Desde que chamou a atenção do mundo como a heroína desbocada e ultra-violenta Hit Girl da adaptação de quadrinhos “Kick-Ass”, Chloë Grace Moretz está procurando por um novo projeto que a torne mais conhecida do grande público. Dona de um grande carisma, ela até consegue uma boa atuação como Cassie, especialmente quando tem que mostrar a preocupação de sua personagem sobre o paradeiro do irmão. Só que nem mesmo ela é capaz de salvar o projeto do desastre.

Além dela, outro destaque no elenco é Manika Monroe, que interpreta a rebelde e durona Ringer, integrante do grupo do qual Sam faz parte.

Só que Alex Roe, escolhido para interpretar o protagonista masculino, é péssimo e tem um rosto de pedra, totalmente inexpressivo, durante todo o filme. As cenas românticas que ele faz ao lado de Moretz ficam ridículas, principalmente pela falta de talento do rapaz. Já Nick Robinson não se compromete muito, já que tem que interpretar um jovem que não expressa muito suas emoções, embora escorregue em alguns momentos. Os outros atores que fazem os adolescentes são apenas regulares. Liev Schreiber faz mais uma vez o papel de um homem durão e intimidador, mas sem grandes mudanças em relação ao que já fez antes (e melhor) em outros filmes.

Quem surpreende, no entanto, é Maria Bello, irreconhecível fisicamente como a Sargento Reznik (que, no livro, é um homem), responsável pelo recrutamento dos novos soldados, com uma atuação firme que, infelizmente, também é subaproveitada.

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No fim das contas, “A 5a Onda” se torna bem menos impactante do que poderia ser. Os diversos erros de execução acabaram por causar uma implosão do projeto, que ainda assim pode atingir o seu público-alvo e gerar mais continuações (como, aliás, sugere o final da trama). Mas não tira a sensação de que, com tanto potencial, o filme resulta frustrante e, ao invés de ser um tsunami, acaba se tornando menos do que uma marolinha nos cinemas. Uma pena.

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