O diretor Ridley Scott se tornou conhecido mundialmente por ter um cuidado com suas imagens, que levam o público ao deslumbre em filmes de diferentes estilos, como “Gladiador”, “Falcão Negro em Perigo” e o clássico “Blade Runner – O Caçador de Andróides’. Mas o que iniciou sua vitoriosa trajetória no mundo do cinema foi “Alien, o 8º Passageiro“, de 1979. Uma excelente mistura de ficção científica e terror, que marcou época e é um dos filmes mais cultuados até hoje. O anúncio de que Scott voltaria ao universo de Alien ao dirigir “Prometheus“, causou uma grande expectativa aos fãs do gênero.
Porém, ao invés de fazer uma simples continuação de Alien, ou mesmo uma prequência, Ridley Scott decidiu ir um pouco mais além e colocar mais alguns ingredientes na mistura, como questões existenciais e até filosóficas. Escrita por Jon Spaihts e Damon Lindelof (da série Lost), a trama se passa num futuro não muito distante, tendo início com o casal de exploradores Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charlie Holloway (Logan Marshall-Green) descobrem numa caverna na Escócia desenhos que indicam a direção a um planeta onde podem haver indícios sobre seres que seriam os criadores da raça humana, apelidados pelos exploradores como Engenheiros. Os dois embarcam numa missão, patrocinada pelo milionário Peter Weyland (Guy Pearce, irreconhecível debaixo de uma excelente maquiagem para parecer velho) e que é supervisionada pela misteriosa Meredith Vickers (a bela Charlize Theron). O grupo viaja com a nave Prometheus e chega ao planeta e, aos poucos, percebem que suas conclusões não poderiam estar mais erradas e que algo terrível está para ser revelado, colocando em risco não só toda a tripulação, mas também o planeta Terra.
No filme, Ridley Scott mostra que esses anos todos longe da ficção científica não o enferrujaram e ele consegue manter a tensão constante em alguns momentos. O problema é que ele não soube equilibrar isso com as questões filosóficas que estão no roteiro. como vida, morte e maternidade. Algo que Stanley Kubrick fez tão bem no antológico “2001 – Uma Odisséia no Espaço” e que, em Prometheus, Scott comete a ‘ousadia’ de se equiparar em alguns momentos. Mas ele não é o único culpado por isso. O texto de Spaihts e Lindelof é um pouco pretensioso, mas parece não chegar a lugar nenhum. Ele provoca o público a refletir sobre certos assuntos, mas para no meio do caminho, dando lugar às cenas de ação espetaculares. Nisso, aliás, o filme é exemplar, especialmente na sequência onde Elizabeth corre para não ser atingida por uma tempestade de areia. A cena, especialmente se vista em 3D, causa grande impacto no público.
Outros pecados são cometidos em Prometheus que acabam prejudicam o seu resultado final. Por exemplo, o destino de alguns personagens fica mal explicados, especialmente numa importante sequência que revela o perigo que os estranhos habitantes do planeta escondem. Além disso, há um excesso de estereótipos, como o capitão Janek, vivido por Idris Elba, que se comporta como se fosse um malandro de rua e Meredith Vickers, que age como uma mulher fria e mesquinha, o que fica evidenciado pelo seu figurino, sempre mais impecável do que o dos outros na nave. Outro problema é que o filme toca na questão Ciência x Religião, representada pela Dra. Elizabeth, que mesmo sendo uma pessoa analítica, carrega um crucifixo. Mas isso também é deixado de lado lá pela metade do filme.
Mas, é claro, o filme também tem suas qualidades. Uma delas é o excelente design de produção, especialmente no interior das cavernas exploradas pela missão, feitas com o estilo inconfundível de H.R. Giger, do Alien original. Outro grande destaque é a atuação de Michael Fassbender como o andróide David, que está sempre com um sorriso discreto no rosto, mas nunca revela claramente quais são as suas intenções, podendo ser um aliado ou um inimigo para os tripulantes da nave.
No saldo final, Prometheus é um filme que até diverte quem está querendo ver uma ficção científica bem realizada tecnicamente, além dos pontos em comum com Alien – que certamente vão agradar aos fãs. Mas ele decepciona ao tentar desenvolver as próprias questões que ele levanta, mesmo que elas sejam melhor esclarecidas nas continuações que poderão surgir nos próximos anos. O que é, na verdade, uma pena.
[xrr rating=2.5/5]
Concordo com a crítica, alguns personagens são desnecessários como o de Charlize Theron e o geólogo e as reações de raiva dos dois são exageradas e sem sentido, não há química entre os atores e as reações de muitos personagens são frias com relação a alguns acontecimentos, no todo parece uma colcha de retalhos mal costurados mas com um visual fantástico.
A sensação de roteiro apressado com edição confusa e má direção de atores salta aos olhos, a única coisa que se salva é a atuação de Fassbender.
A premissa básica é boa mas naufraga na fraca realização.