A exposição fotográfica itinerante “¡Mi tierra tiene palmeras y palmares, donde cantan los zorzal!”, que apresenta o trabalho de renomados fotógrafos brasileiros, chega à Cidade do México. Com curadoria de Marly Porto e produção da Porto de Cultura, a mostra será exibida em quatro espaços da Red de Fábricas de Artes y Oficios (FAROs), promovendo o intercâmbio cultural entre ambos os territórios por meio de retratos que abordam a rica diversidade das comunidades indígenas brasileiras e transcendem fronteiras.
“Diante de um cotidiano cada vez mais saturado de informações, esperamos que as fotografias desta exposição possam, de alguma forma, despertar consciências e reforçar a luta dos povos originários por sua identidade, afirmação, dignidade e resistência. Poemas e imagens se entrelaçam, convidando-nos a questionar nosso lugar na sociedade e nosso compromisso com a valorização e preservação da diversidade, em meio aos garimpos clandestinos, ao tráfico de drogas e armas, e às queimadas intencionais que continuam a ameaçar as regiões ocupadas por essas comunidades”.
Inspirada nos poemas “Canção do Exílio”, publicado em 1857, no livro “Primeiros Cantos”, de Gonçalves Dias (1823-1864) e “Regresso à Pátria”, publicado em 1924 por Oswald de Andrade (1890-1954), o projeto traz obras que capturam a beleza e profundidade cultural de Brasil, realçando a urgência de preservar sua memória e tradição diante das ameaças ambientais e sociais.
O circuito expositivo, que já passou pelo FARO Cosmos, seguirá pelo FARO Indios Verdes até 15 de novembro; pelo FARO Miacatlán, de 29 de novembro a 16 de dezembro; e, por fim, na Casa de Cultura Gaby Brimmer, de 13 de dezembro de 2024 a 24 de janeiro de 2025.
A iniciativa reúne o trabalho de oito fotógrafos, cada um trazendo uma perspectiva singular sobre as culturas indígenas brasileiras. Alexandre de Paulo apresenta imagens de uma comunidade ribeirinha no Rio Negro, capturadas há 20 anos. Caetano Azevedo exibe fotos em preto e branco da tribo Waura, no Alto Xingu. Daniela Pinheiro revela a série “Cabe na palma da mão”, com fotografias impressas em folhas de couve, destacando a resistência de Dona Francisquinha, da etnia Shawãdawa. Liza Moura compartilha imagens sensíveis da aldeia Pyiualaga, no Alto Xingu. Mauro Martins traz registros dos Yanomami no Vale do Rio Catrimani, em Roraima. Paulo Henrique Costa destaca a harmonia dos povos amazônicos com a floresta, enquanto Valdir Zwetsch retrata o ritual Kuarup do povo Mehinako, capturando a essência das cerimônias indígenas.
SOBRE OS ARTISTAS QUE COMPÕEM A EXPOSIÇÃO
Alexandre de Paulo, nascido em Guarulhos (SP) no início dos anos 1970, é fotógrafo e jornalista, com trabalho documental voltado aos direitos humanos e questões sociais. Para a mostra, ele apresenta duas imagens de uma comunidade ribeirinha às margens do Rio Negro, em Manaus, capital do Amazonas, clicadas há 20 anos, quando as águas eram abundantes.
Nascido em Belo Horizonte em 1980, Caetano Azevedo é fotógrafo autodidata que se dedica a capturar a essência das pessoas, etnias e culturas diferentes através das lentes de sua câmera. Com uma paixão especial pelo preto e branco, desenvolveu ao longo dos anos um olhar apurado tanto para a fotografia analógica quanto digital. Embora a fotografia seja uma paixão e um hobby, não é sua atividade principal. Para esta exposição, ele traz imagens produzidas em 2017 da tribo Waura, localizada no Alto Xingu.
Fotógrafa, jornalista e filmmaker, Daniela Pinheiro apresenta imagens que integram a série “Cabe na palma da mão”, na qual a artista discorre sobre o apagamento da imagem fotográfica. A fotografia impressa em uma folha de couve é acompanhada ao longo dos anos. Sob a couve, a imagem fotográfica da anciã, Dona Francisquinha, indígena da etnia Shawãdawa, revelada pelo processo de fotografia chlorophyll print. Passados mais de quatro anos, essa mesma folha de couve é segurada pelas mãos da jovem indígena Buni Inani, da etnia Huni Kuĩ.
Fotógrafa com Mestrado em fotojornalismo pela Escola de Fotografia Spéos de Paris, Liza Moura tem uma visão artística aguçada e atenta à técnica fotográfica, buscando constantemente criar imagens sensíveis e instintivas. Estabelecida em Paris desde 2011, Liza apresenta quatro imagens feitas na aldeia Pyiualaga, no Alto Xingu, em 2017.
Já o artista Mauro Martins elegeu para a mostra cinco fotografias produzidas em 2013, quando teve a oportunidade de participar da gravação de uma série documental para a Discovery na aldeia Yanomami, no Vale do Rio Catrimani, em Roraima. As imagens retratam a vida dos Yanomami, que praticamente não têm contato com pessoas de fora das aldeias, imagens de um povo que vive em total harmonia com a floresta, verdadeiros guardiões da floresta amazônica.
O fotógrafo amazônida Paulo Henrique Costa, nascido em Cruzeiro do Sul (AC), celebra a diversidade e a riqueza cultural do povo amazônida que vive no extremo norte do país. Os retratos revelam a essência da vida dos povos indígenas em uma interação harmoniosa com a floresta. Cada fotografia é um testemunho da resiliência e da sabedoria ancestral dos habitantes da região, oferecendo uma janela para a beleza singular e a complexidade humana da Amazônia, promovendo o reconhecimento e a valorização dessas pessoas que muitas vezes são invisibilizadas.
Nascido em Santa Maria (RS), o jornalista Valdir Zwetsch dedica-se à fotografia como um hobby exercido com paixão há 50 anos. As fotografias que poderão ser vistas na exposição retratam o ritual do Kuarup, realizado na aldeia Uyaipiuku, do povo Mehinako, em 2019. Na cerimônia, estavam presentes convidados das etnias Kamayurá, Yawalapity, Kuikuro e Waurá.
SERVIÇOFARO Indios Verdes: 25 de outubro a 15 de novembro de 2024
Avenida Huitzilihuitl 51, Santa Isabel Tola, Gustavo A. Madero, 07010, Ciudad de México.
FARO Miacatlán: 29 de novembro a 16 de dezembro de 2024
Calle Bolívar Poniente S/N, San Jerónimo Miacatlán, 12600, Milpa Alta, Ciudad de México.
Casa de Cultura Gaby Brimmer: 13 de dezembro de 2024 a 24 de janeiro de 2025
Monte Alegre 32, Portales Oriente, Benito Juárez, 03570 Ciudad de México, CDMX, México.
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