A peça traz as situações cotidianas de cinco mulheres: um pai em coma, o casamento de um filho, uma entrevista para a TV, os abusos familiares e um cigarro que nunca acende.
Os monólogos têm em comum a figura da mulher “esgarçada” em sua existência. Personagens que desafinam diante das regras sociais e acabam “vazando”, deixando transparecer o animal indomesticável que habita em nós.
“Os textos colocam em questão a nossa capacidade de (con)viver em sociedade, na medida em que os tempos atuais fizeram cair as máscaras e criaram novas matizes para o ainda primitivo senso de sobrevivência’, explica Ester.
A mulher como sujeito, a mulher como objeto, a mulher […]. O universo das mulheres retratadas nos textos de Maureen Lipman, atriz e escritora britânica, ganha aqui a companhia de outras duas mulheres: a poetisa Wislawa Szymborska, polonesa ganhadora do Nobel em 2006, e Laurie Anderson, cantora, performer e artista plástica.
A dramaturgia de “Ossada” funde os escritos dessas mulheres num contexto que coloca em debate a trajetória do mundo enquanto humanidade, ou melhor, a capacidade do indivíduo em compreender a humanidade por um viés de fato humanístico.
Tudo é potencializado no sufocamento causado por frustrações dessas mulheres dentro de um cenário minimalista e selvagem. Numa instalação que remete a uma sala de museu de história natural, desdobramento do significado da palavra ossada.
“Um grande sopro de um gigante que tomba esses temperamentos, colocando essas mulheres diante da fragilidade versus a força, na mesma intensidade, como se duas notas dissonantes encontrassem no universo fantástico um lugar possível de se harmonizarem”, finaliza a atriz e diretora.
Ficha técnica:
CRIAÇÃO e DIREÇÃO: ESTER LACCAVA
DRAMATURGIA: ESTER LACCAVA, ELZEMANN NEVES e JOÃO WADY CURY, a partir dos textos de Maureen Lipmann, Wislawa Szymborska e Laurie Anderson
TRILHA: MUEPTEMO
LUZ: MIRELLA BRANDY
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