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Uma frase para minha mãe, com Ana Kfouri, volta em cartaz no Rio

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Com 40 anos de carreira, a atriz e diretora Ana Kfouri conta que, quando conheceu a obra do escritor, poeta e crítico literário francês Christian Prigent, sentiu quase imediatamente uma espécie de chamamento para levar à cena aqueles textos potentes e poéticos. Foi assim que, depois de enveredar pelos universos de Valère Novarina e de Samuel Beckett, a artista elegeu ‘Uma frase para minha mãe’ para dar continuidade à sua pesquisa cênica, que pensa a palavra e o corpo como campos de forças em tensão e em relação. A dramaturgia, que tem toques proustianos ao refletir sobre o despertar para a literatura e o nascimento de um escritor, mobiliza sensações afetivas e corporais ligadas à figura da mãe e à língua materna, envolve afeto, filosofia, pensamento, visão de mundo, política e pesquisa de linguagem. Com direção da própria Ana Kfouri e colaboração artística de Marcio Abreu, o espetáculo, sucesso de público e crítica, faz sua segunda temporada na galeria do Espaço Cultural Municipal Sergio Porto, de 17 de novembro a 9 de dezembro, sempre aos sábados e domingos, às 21h.
“Prigent é um autor que trabalha fora do campo da representação”, explica Ana Kfouri. “Não há uma condução psicológica do que está sendo dito, então o ator/performer precisa se desapegar de um desejo de entender as palavras, no sentido de colocá-las como algo a ser controlado, decifrado e transferido para o outro (público). E continua: “Através de uma fala potente, poética, respirada, lúdica, desconcertante e rítmica, o desafio do ator é pôr em jogo também a própria linguagem”.
O tradutor e adaptador Marcelo Jacques de Moraes fez um recorte do texto integral de Uma frase para minha mãe, um longo “lamento bufo”, como diz o próprio escritor, em que o eu-narrador relata sua descoberta do mundo e da linguagem a partir de sua relação com a mãe. Como define Moraes, “foi na tensão entre o literário e o político, entre a experimentação da linguagem e a experiência do cotidiano, da vida comum, que se inscreveu, desde as primeiras publicações até hoje, a extensa obra de Christian Prigent. Em busca de uma língua, contra a língua, mas com a língua, eis uma fórmula que talvez sintetize com precisão o que seja o trabalho poético de Christian Prigent”.
O poeta costuma fazer leituras públicas de seus textos, cuja vocalização explicita o que ele chama de “voz do escrito”, uma espécie de “escultura sonora”, que se dirige ao ouvinte-espectador. “É um texto muito estilizado, com muitas aliterações e rimas internas. Que tem momentos mais fluidos e mais travados, que acelera e desacelera, que alterna momentos mais claros com outros enigmáticos. Tudo isso foi levado em conta na hora da tradução e da escolha do ritmo adequado”, acrescenta Marcelo Jacques de Moraes.
Foi a partir de um convite do próprio tradutor que Ana Kfouri conheceu Christian Prigent, durante o Colóquio Internacional Poesia e Interfaces, concebido em homenagem ao escritor, e realizado no Colégio Brasileiro de Altos Estudos, UFRJ, em setembro de 2015. Agora, o desejo é realizar um encontro entre os artistas envolvidos e o público como desafio de experimentarem juntos a palavra potente e desconcertante do autor.
Christian Prigent foi o vencedor do Grande Prêmio de Poesia 2018 da Academia Francesa, concedido pelo conjunto de sua obra.

FICHA TÉCNICA

Texto: Christian Prigent
Tradução: Marcelo Jacques de Moraes
Direção e Atuação: Ana Kfouri
Colaboração Artística: Marcio Abreu
Cenografia: André Sanches
Iluminação: Paulo César Medeiros
Assessoria de Comunicação: Rachel Almeida
Fotografia: Dalton Valério
Programação visual: Taiane Brito
Direção de Produção: Ana Paula Abreu e Renata Blasi
Assistência de Direção: Tainah Longras
Operação de luz: Julia Requião
Redes sociais: Natalia Balbino
Idealização: Ana Kfouri
Produção:  Diálogo da Arte Produções Culturais
Realização: Cia Teatral do Movimento

Serviço

Uma frase para a minha mãe
Temporada: 17 de novembro a 9 de dezembro
Espaço Cultural Municipal Sergio Porto / Galeria: Rua Humaitá, 163 – Humaitá, Rio de Janeiro
Telefones: 2535-3846
Dias e horários: Sábado e domingo, às 21h.
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
Funcionamento da bilheteria: de 5ª a 2ª, das 17h às 21h. Pagamento somente em dinheiro.
Lotação: 35 pessoas
Duração: 1h
Classificação indicativa: 12 anos

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