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Serial Experiments Lain

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A internet lhe permite ser quem você quiser. Caso esteja descontente com a tua personalidade real, é possível deixar de ser tímido, se achar bonito, ou talvez mais inteligente do que acredita. A questão toda é até que ponto estar mergulhado neste mundo de fácil simulação lhe causa um distanciamento do que é o real.

O anime Serial Experiments Lain, entre outras coisas, trata dessa temática. Retrata como uma jovem tímida se transforma em alguém totalmente reclusa do seu entorno por causa do mundo virtual.

Serial Experiments Lain

Serial Experiments Lain me atraiu há alguns anos atrás durante aqueles comerciais malucos do extinto canal pago Locomotion (atual Animax). Porém só tive contato com ele anos mais tarde através de DVDs. O anime possui 13 episódios e, originalmente, foi exibido pela TV Tokyo em 1998. Foi dirigido por Ryutao Nakamura, desenhado por Yoshitoshi Abe e o roteiro foi responsabilidade de Chiaki J. Konaka. Considero SEL um anime com teor mais adulto, por conta de toda complexidade envolvida no enredo.

Enredo

A protagonista é Lain, uma adolescente introspectiva e de classe média, e uma das poucas meninas de sua idade e sala de aula que não manifesta interesse algum por computadores. Essa situação se altera quando uma garota comete suicídio e após o ocorrido algumas pessoas passam a receber e-mails da mesma, incluindo Lain. A partir de então ela começa a se interessar por computadores e se infiltrar na Wired, que equivale à ideia de internet que temos.

        

No anime a Wired não é somente uma grande de rede de comunicação, mas sim um sistema que permite a comunicação inconsciente entre pessoas e máquinas sem uma interface física. Wired é outra realidade onde a possibilidade de ser quem você quiser e da forma como quiser existe. Lain, por exemplo, em Wired é uma garota desinibida e confiante. Cria-se então uma linha tênue entre o virtual e o real.

A comunicação em seu sentido amplo é tema importante também em SEL. O autor mostra como a comunicação entre o “eu e o mundo” pode ser perigosa, tanto que Lain parte para um estágio onde não se relaciona mais com os seus amigos reais, mas sim passa todo o seu tempo na Wired. Além disso, a doença mental, principalmente o Transtorno Dissociativo de Identidade, é insinuado no anime. A protagonista se confronta com uma série de alter-egos. O autor subdividiu as personalidades de Lain como infantil: onde ela anda pela casa de pijama e possui atitudes tímidas; a advanced: que é a sua personalidade na Wired, alguém mais confiante e ousado; e o mal, quando Lain torna-se alguém desonesto. Aspectos teológicos também são levemente citados em alguns episódios.

Lain e a Apple

Uma das coisas que gosto em SEL é a presença de elementos reais e que conhecemos durante os episódios. Como insinuações de linguagens de programações existentes e modelos de computadores conhecidos.

Os criadores de SEL são fanáticos assumidos pela Apple. Notam-se diversas referências no anime a marca. Começando pelo slogan “Think Different” de uma das campanhas mais bem-sucedidas da Apple, esta frase aparece brevemente em um dos episódios. Também há referência no modelo do computador pessoal de Lain no início do anime, que foi inspirado no Mac comemorativo do 20º aniversário da Apple, lançado em 1997. Já o de sua amiga é o iMac, aqueles coloridos lançados em 1998. Essas só são algumas de outras diversas referências, muitas vezes sutis, a Apple.

Serial Experiments Lain já foi lançado há 15 anos. Entretanto, acredito que toda temática envolvida, a cada dia torna-se mais atual. Saber o limite entre o virtual e o real têm se tornado algo abstrato. Sinto um distanciamento das pessoas com o concreto e cada vez mais próximo e mergulhado no virtual, daquilo que queremos acreditar que existe, mas são apenas simulações que criamos de nós mesmos.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=3U9ITTvb-Sw[/youtube]

SEL, em minha opinião, será sempre um anime atemporal.

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