A exposição Narrativas, de Chico Cunha, com a curadoria de Alberto Saraiva está em cartaz no Oi Futuro do Rio de Janeiro. O artista carioca apresenta uma instalação de 52m2 com esculturas feitas 800 kg de balas transparentes coloridas e dois vídeos. As figuras produzidas com as balas são personagens inspiradas nas pinturas do artista renascentista Pieter Bruegel e do pós-impressionista Henri Rousseau.
As obras referem-se às pesquisas pictóricas e espaciais desenvolvidas por Chico Cunha desde a década de 1980 até os dias de hoje, em que trabalha com as possibilidades da narrativa na pintura. Inicialmente fazia alusões à escrita e, com o tempo, a figura entrou em seu trabalho. Hoje faz uma junção das questões que o atraem na pintura: figuras, paisagens e referências da arte. A instalação que apresenta está diretamente relacionada ao seu trabalho de pintor, materializando o espaço das suas pinturas.
Há cerca de cinco anos, Chico Cunha utiliza em suas obras imagens da história da arte, especialmente de Bruegel e Rousseau. As balas remetem à infância do artista, quando eram feitas de açúcar, vitrificadas e coloridas. São símbolos do universo infantil, de uma ideia de ingenuidade, contida na própria obra do Rousseau, considerado um pintor naif.
“Minha pesquisa continua sendo sobre as questões da pintura, meu trabalho sempre esteve relacionado com o figurativo e com a narrativa. Desde o início da minha carreira, há 30 anos, eu me interesso pelo universo lúdico. Me interessam as imagens, a cor e a própria materialidade das balas de açúcar, mas podemos ir além, e discutir também a questão da gula e da perenidade. A ação do tempo durante a exposição vai transformar o material, tudo isso me interessa. Isso tem a ver com a minha pintura porque não deixa de ser uma representação de um espaço com personagens. Meu trabalho sempre versou em torno da paisagem e de elementos nela inseridos”, explica o artista.
Chico Cunha nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É um dos principais expoentes da Geração 80. Na histórica exposição “Como vai você Geração Oitenta?” apresentou “Sonho de Valsa”, pintura de grandes dimensões que dialogava com o espaço arquitetônico da colunata interna da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e que hoje é um dos principais ícones da época. “Suas principais referências vinham da pintura chinesa e de Guignard justamente porque o espaço era um dos vetores mais significativos de sua produção. A paisagem e o espaço apresentado nesses pintores interessavam o artista como modelo de especulação. Durante anos sua pintura ocupou-se em apresentar vastos espaços com miríades de pequenos acontecimentos que se articulavam de modo independente uns dos outros e sem que houvesse uma conexão exata entre eles”, ressalta o curador Alberto Saraiva.
Informações
7 abril a 2 junho
Terça a domingo, 11h às 20h | Nível 4
Entrada franca | Classificação etária: livre
Centro Cultural Oi Futuro
Curadoria: Alberto Saraiva
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