MASP abre exposição Degas, com 76 obras do artista francês

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O Museu de Arte de São Paulo inaugura, em 4 de dezembro, a exposição Degas. A mostra apresenta todas as 76 obras de Edgar Degas (1834-1917) que pertencem ao acervo do museu, sendo 73 bronzes, dois desenhos e uma pintura. A exposição está inserida no ciclo das histórias da dança, eixo temático ao qual o museu se dedica em 2020.

O ponto de partida será a escultura “Bailarina de catorze anos” (1880), a obra mais icônica de Degas e uma das mais emblemáticas de toda a história da arte ocidental do século 20. Seu protagonismo será reforçado com as releituras feitas por Sofia Borges. A artista brasileira, a convite do MASP, produziu fotografias em grande escala a partir das esculturas de Degas que pertencem à coleção do museu, com destaque para a “Bailarina de catorze anos”. O resultado desse trabalho, cujo processo levou quase um ano, revela e transforma várias das obras de Degas de forma nova e radical e poderá ser visto tanto na exposição quanto em seu respectivo catálogo.

Degas conheceu Marie van Goethem, a estudante de balé retratada em “Bailarina de catorze anos”, durante uma de suas frequentes visitas à Opéra de Paris. Pouco se sabe sobre a vida de Marie, jovem que ingressou no balé da Opéra aos 13 anos e era filha de uma lavadeira e de um alfaiate que viviam em constante estresse financeiro.

Sabe-se também que uma de suas irmãs foi presa por roubar um cliente no célebre cabaré Chat Noir, localizado no bairro boêmio de Montmartre, em Paris. Depois desse episódio, Marie começou a faltar a várias aulas e acabou sendo dispensada da Opéra.

Provavelmente como sua irmã, ela foi forçada à prostituição por sua mãe. Esse tipo de narrativa costuma ser evitado em projetos em torno de Degas desenvolvidos por museus ao redor do mundo, que se ocupam mais de questões estilísticas e formais em relação ao artista. A abordagem de sua obra por meio de uma perspectiva política, social e crítica estará, no entanto, no catálogo Degas: dança, política e sociedade.

Degas??

Hilaire Germain Edgar de Gas nasceu em Paris, em 29 de junho de 1834. Ele demonstrou interesse pela arte desde cedo, acompanhando seu pai Auguste em visitas a colecionadores. Ele não se destacava, entretanto, nas avaliações de desenho no colégio; suas produções eram consideradas medianas.

Para apaziguar as expectativas do patriarca, que não incentivava que o filho seguisse a carreira de artista, matriculou-se na Faculdade de Direito. No entanto Degas estava obstinado a se tornar artista. Cerca de uma semana após a graduação, registrou-se como copiador no Louvre e no departamento de gravuras da Biblioteca Nacional, onde realizava estudos de obras-primas italianas dos séculos 15 e 16. Em 1855, ingressou na Academia Nacional de Belas Artes. Degas não se adaptou aos rígidos métodos da Academia e, em 1856, partiu em uma viagem de três anos pela Itália, para tentar entender, por conta própria, o legado dos mestres italianos.

De volta a Paris, o jovem artista produz retratos de amigos e familiares e pinturas históricas de grande escala –mais adequadas para inscrição no Salão Nacional de Belas-Artes. O salão, por sua vez, oferecia melhor chance de exposição para artistas emergentes. Em 1865, é aceito com a obra “Scéne de guerre au Moyen Age” e lá aproxima-se de Édouard Manet (1832-1883), que exibe “Olympia” (1863). Eles passam a frequentar juntos o Café Guerbois, quando Degas é introduzido a figuras como Émile Zola (1840-1902), Claude Monet (1840-1926) e Pierre-Auguste Renoir (1841-1919). Unidos por uma forte oposição aos modos arcaicos e obsoletos da Academia, esses artistas incorporavam o lema da modernidade: il faut être de son temps, “é preciso pertencer ao seu tempo”.
A partir dos últimos anos da década de 1860, tendo como pano de fundo o 9º distrito –bairro que era palco da vida moderna parisiense, com seus espaços de música e dança, seus cafés e ateliês–, ele se insere cada vez mais nos círculos sociais de artistas, músicos, cantores e dançarinas.

Na década de 1870, sua produção passa a se concentrar nas bailarinas da Ópera de Paris. Por meio delas, fascina-se pela forma e pelo desenho dos movimentos e repousos da dança, retratando seus gestos, movimentos e disposições no palco, nas salas de ensaio, nos bastidores e nos camarins. As bailarinas e seu mundo ocupam o artista até seus últimos trabalhos, já nos anos 1910.

A Ópera de Paris era um símbolo da alta cultura, tendo como público figuras importantes da sociedade e membros diversos das classes burguesas e aristocráticas. Assim, os espetáculos de balé eram mais do que a dança: envolviam inevitavelmente relações sociais e políticas em vários âmbitos. Esses aspectos não passaram desapercebidos por Degas, especialmente no que se refere às jovens bailarinas, numa abordagem essencialmente moderna, que o artista também adotou em sua aproximação às demais mulheres trabalhadoras na França do século 19, caso das lavadeiras, passadeiras e modistas representadas em suas obras.

Serviço

4 de dezembro de 2020 a 1º de agosto de 2021
Endereço: avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terça, das 10h às 20h (entrada até 19h30), quarta a sexta, das 13h às 19h (entrada até 18h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até 17h30); fechado às segundas.
O MASP tem entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo, um oferecimento Qualicorp.
De 25/11 a 30/12, todas as quartas-feiras também terão entrada gratuita.
Agendamento online obrigatório, inclusive para as terças gratuitas, pelo link masp.org.br/ingressos
Veja todos os cuidados que o museu adotou para receber o público de forma segura e as novas regras de visitação em masp.org.br/visitasegura
Ingressos: R$ 45 (entrada); R$ 22 (meia-entrada)
AMIGO MASP tem acesso ilimitado todos os dias em que o museu está aberto mediante agendamento de data e horário no site do museu.
Estudantes, professores e maiores de 60 anos pagam R$ 22 (meia-entrada).
Menores de 11 anos de idade não pagam ingresso, assim como pessoas com deficiência física com um acompanhante.
O MASP aceita os cartões de crédito Visa, Mastercard, American Express, Elo, Hipercard, Aura, JCB, Diners e Discovery.

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