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“Sete Homens e Um Destino” respeita, mas não transcende o passado

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A força e a universalidade conseguidas pelo preciosismo do cineasta Akira Kurosawa em Os Sete Samurais são tamanhas que ainda influenciam não só o cinema mundial como um todo, mas também agregam pungência a suas adaptações. Se em 1960 conseguiu transformar o primeiro remake americano da trama, dirigido por John Sturges, num clássico do western, agora em 2016, Sete Homens e Um Destino, sob a chancela de Antoine Fuqua, agrega valor e atualiza seu retrato sobre a honra (para a matriz oriental) e a bravura (para o passado ocidental).

Fuqua já começa atualizando a trama num discurso implícito de diversidade, trazendo Denzel Washington como o imponente chefe do bando marcadamente diverso, com um oriental (Byung-Hun Lee), um descendente indígena (Martin Sensmeier) e um latino (Manuel Garcia-Rufo) – papel que seria de Wagner Moura, que declinou por causa da série Narcos (Netflix). A trama também sofre alterações, digamos, étnicas. Um homem poderoso e sem escrúpulos (Peter Sarsgaard, sempre sinistro) destila tirania sobre uma pequena cidade, com pretensões mercantilistas. No anterior, eram mexicanos que sofriam os revezes da ambição alheia.

Agora, Emma Cullen (Haley Bennett, cada vez mais promissora), cujo marido é assassinado, resolve ir atrás de justiça e contrata os serviços do caçador de recompensas Chisolm (Denzel), que reúne mais forasteiros para proteger o lugar. Dentre eles, um carismático Chris Pratt incorporando com graça seu Faraday, o complexo Robicheaux (Ethan Hawke) e um dos personagens mais interessantes da história, o eremita Jack Horne (Vicent D’Onofrio, sempre muito diferente a cada papel).

Com fotografia característica do gênero e da própria referência ao filme anterior, Fuqua demonstra bastante reverência ao passado, com planos muito parecidos aos do filme de Sturges, apesar dele dizer que seu longa absorve mais a essência do de Kurosawa.

O roteiro de Nic Pizzolatto (incensado autor da série True Detective) e Richard Wenk (O Protetor) trafega dentro da previsibilidade de seu plot, pouco aprofundando as questões que levanta (especialmente sobre territorialidade), mas abrindo possibilidades para catarses propícias a esse tipo de filme, como na hora final da história, em que a expertise do diretor estabelece uma sucessão de bons momentos e eficiência técnica. 

Sete Homens e Um Destino não tem nem a dimensão de Kurosawa, nem a relevância de Sturges, mas, vamos dizer, que traga em si a dinâmica do tempo em que faz parte. Ou seja, o entretenimento está mais garantido que a reflexão.

Filme: Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven)
Direção: Antoine Fuqua
Elenco: Denzel Washington, Chris Pratt, Ethan Hawke, Peter Sarsgaard
Gênero: Faroeste
País: EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Sony Pictures
Classificação: 14 anos

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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