A boa construção dos relacionamentos em “Stranger Things 3”

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Um dos questionamentos que pode se levantar a respeito de uma série como Stranger Things” é como continuar uma história que envolve mistério e terror em uma pequena cidade americana, sem que a população local não fique de sobressalto e mesmo os pais das crianças não se importem com elas ficarem alguns dias sem aparecer ou mesmo dar notícias.

Nessa terceira temporada do sucesso da Netflix as coisas continuam com esses problemas e os irmãos Duffer – produtores e criadores da série, que comandam alguns episódios – realmente tocam o barco dessa maneira, como se fosse tudo normal. Uma outra questão que se põe na mesa é como escalonar os perigos enfrentados pelo grupo de amigos sem que ninguém perceba. Nesse sentido, ao menos algumas coisas irão se alterar no futuro.

Após o fechamento do portal do Mundo Invertido na temporada anterior, temos Mike (Finn Wolfhard) e Eleven (Millie Bobby Brown) engrenando um relacionamento com o qual o Chefe Hopper (David Harbour) está muito incomodado e para isso tenta pedir auxílio a Joyce (Winona Ryder), que ainda não superou a morte de Bob (Sean Austin). Enquanto isso, Dustin (Gaten Matarazzo) retorna de um acampamento de verão apaixonado por uma menina que mora em outra cidade e os amigos não acreditam em sua existência.

O aparecimento de um dos monstros da outra dimensão, o Devorador de Almas se apossa do irmão de Max, Billy, que começa uma onda de possessões pela cidade. A partir desse ponto teremos a história dividia em quatro grupos: Hopper e Joyce acham que o governo está por traz de novos experimentos e vão investigar sozinhos; Dustin com seu novo parceiro Steve (Joe Keery) acreditam que descobriram um complô comunista em Hawkins; Nancy (Natalia Dyer) e Jonathan (Charlie Heaton), trabalhando no jornal local, investigam um surto de ratos; e Mike, Eleven, Lucas (Caleb McLaughlin), Max (Sadie Sink) e Will (Noah Schnapp) tentam descobrir como se livrar do monstro.

O ponto alto dessa temporada está nos relacionamentos dos personagens. Como eles já estão estabelecidos, o roteiro foca na evolução deles, principalmente entre os casais (Mike/Eleven e Hopper/Joyce). Aliás, a interpretação de David Harbour como Hopper é digno de nota, pois ao longo dos capítulos é com ele que vamos mais nos identificar, irritar-se com/junto e, principalmente, emocionar-nos com seu amor e dedicação. É a partir dele que as relações dos meninos vão trazer a quebra que move a história pra frente.

O novo monstro que será uma grande ameaça, tem um poder que surpreende e inova em algumas cenas de ação. Só causa uma certa estranheza em relação um aspecto que ficou sem entendimento, mas que não causa grande impacto para a história como um todo.

Um dos grandes atrativos da série, que são seus easter eggs, dessa vez são mais discretos e mais permeiam a trama, aparecendo nas telas do cinema ou da TV, ou mesmo em pôsteres na parede. A terceira temporada usa boa parte dessas referencias como tomadas de cenas que o espectador vai descobrindo sozinho, como em “O Iluminado” e “Chrsitine, O Carro Assassino”.

“Stranger Things 3” funciona muito bem, o fato de contar com oito episódios ajuda a condensar a história evitando aquelas incômodas barrigas. O resultado é superior ao da temporada anterior, que errou ao tentar ampliar muito sem conseguir dar conta. O final tem um desfecho emocionante. E deixe rolar até depois dos créditos finais, pois ainda fica uma possível deixa para a próxima temporada.

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