Four Lives é uma minissérie dramática incrivelmente precisa que conta a história do que se tornaria conhecido na mídia como The Barkingside Murders ou Serial Killer do Grindr. O assassino em questão conhecia jovens por meio de um aplicativo de namoro LGBTQIAP+ e munido de GBH ou Ecstasy Líquido, cometia seus crimes de estupro e morte.
A verdadeira história aqui, porém, é o fracasso absoluto da investigação policial. O que se aprendeu na academia de polícia claramente não foi usada e esses erros foram agravados por uma abordagem preconceituosa em relação às sensibilidades LGBT, uma falha no devido cuidado com as famílias das vítimas e qualquer esforço para fazer o trabalho policial mais básico.
Esta história não poderia ter sido contada em um único filme, nem tampouco nessa minissérie de três partes, mas a narrativa foi bem estruturada e dá uma ótima visão dos terríveis erros cometidos pela polícia que literalmente deixam o espectador gritando na televisão.
Mas é a qualidade do roteiro de Jeff Pope e Neil McKay que se se destaca desde o início, pois o tempo de tela adequado é dado a cada um dos quatro jovens que acabaram se tornando vítimas de Stephen Port. Somos então apresentados a suas vidas e a seus futuros. E igualmente sentimos a perda por seus amigos, parentes e amantes.
A série tem várias atuações de destaque, entre os que merecem menção especial são: Rufus Jones (Morte Súbida), Samuel Barnett (o Renfield de Penny Dreadful), Paddy Rowan (Hanna, A Baía), Michael Jibson (1917) e Ella Kenion (Um passado de presente) dão vida a alguns dos papéis menores com grande habilidade, enquanto Sheridan Smith (Cilla), Holly Aird (Waking the Dead) e Jamie Winston (Simplesmente Acontece) preenchem os lugares dos papéis mais emblemático com seus retratos corajosos.
Mas o real destaque aqui é Stephen Merchant (o Caliban de Logan) como o serial killer, um personagem assustador, e para se ter uma ideia, o único momento em que ele escolhe sorrir é realmente arrepiante. Roberts Emms (Chernobyl) também dá uma performance muito emotiva e crua como o parceiro de um dos falecidos. A visita da Polícia à sua casa é uma cena difícil de digerir, mas pela qual ele traz uma pungência realmente visceral com sua atuação.
Four Lives não é fácil de assistir, a direção de David Blair nos perpassa uma espécie de destruição emocional que nos atinge em cheio. A série nos deixa com raiva da polícia no final e realmente demonstra, infelizmente, que os dias em que podemos confiar neles para fazer o trabalho deles são uma memória distante. Esperamos que este programa reforce as lições que deveriam ter sido aprendidas com esta história. Um excelente drama para se assistir de uma vez.