Passei cinco longos dez dias em Buenos Aires, no quel cinco deles, dentro da Startup House da Starknet Foundation, cercado por jovens fundadores e desenvolvedores que respiram blockchain e matemática como se fosse ar puro. Eu, um jogador bruto de King of Fighters e músico beberrão, estava ali mais como observador curioso do que como parte daquela engrenagem intelectual. Mas foi justamente nesse ambiente que tive contato direto com os criadores de Jokers of Neon, e a experiência me abriu uma perspectiva que, como gamer e jornalista, nunca tinha vivido.
O jogo, lançado recentemente para Android e também listado em plataformas de blockchain gaming, é um card game estratégico baseado em pôquer, com mecânicas roguelike que permitem construir combos, desbloquear cartas especiais e enfrentar níveis cada vez mais desafiadores. A proposta é simples: começar com um baralho básico e, a cada rodada, expandir sua estratégia com modificadores e cartas únicas. O resultado é um jogo fácil de aprender, mas infinitamente rejogável, como os próprios desenvolvedores destacam.

Confesso que só hoje, quando joguei de fato, percebi que se tratava de um jogo de pôquer. A estética que talvez tenha me desviarado dessa essência, ou sei lá…
Quando penso em card games, lembro logo de Pokémon TCG, Magic: The Gathering e Hearthstone. Jokers of Neon não tem o mesmo impacto imediato do que uma mão boa de pôquer, mas também não soa como cópia de nada. Os criadores citaram Balatro, vencedor de prêmios recentes, mas mesmo sem eu ter jogado esse título, percebi que há personalidade própria aqui — e isso é raro no cenário indie.
O que mais me marcou foi perceber que por trás de cada jogo indie há sempre um ou mais apaixonados. São jovens adultos, ainda aprendendo, mas com uma gana incomum. E essa paixão transparece em Jokers of Neon. A estética atual é competente, o layout funciona, mas há pontos que precisam de evolução. O áudio, por exemplo, carece de impacto: em qualquer jogo, o som é parte fundamental da experiência. Quando uma ação é acompanhada por um efeito sonoro criativo, o jogador fica ansioso para descobrir os próximos sons. Aqui, senti falta desse tempero.

Minha impressão é que os desenvolvedores deveriam jogar mais videogames. Há soluções simples que poderiam ser aplicadas sem grandes esforços, ainda mais com o suporte da inteligência artificial hoje em dia. Isso não diminui o mérito do projeto — pelo contrário, reforça que há espaço para crescimento. E como todo bom indie, Jokers of Neon é fruto de garotos talentosos, com cara de boa gente e famílias estruturadas, que se lançaram nesse desafio.
Joguei até perder, entendi bem a mecânica e me diverti. Jokers of Neon é interessante, tem personalidade e merece atenção. Não é perfeito, mas é autêntico. E autenticidade, no mundo dos games, vale ouro. Desejo sucesso ao time — porque talento e paixão eles já têm de sobra.







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