Jorge Drexler encanta público do Rio de Janeiro com seu novo álbum e pede respeito à opinião alheia

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Lá se vão quase 20 anos desde que o cantautor uruguaio Jorge Drexler teve sua música “La Edad del Cielo” gravada por Paulinho Moska, em 2003, numa versão em português que aqui recebeu o nome de “A Idade do Céu”. Logo depois, em 2005, ele faria seu primeiro show no Rio, no FM Hall, em botafogo. Daqueles tempos até os dias de hoje, Drexler, que para muitos vive a melhor fase de sua carreira, construiu de maneira muito hábil, graças a seu talento e carisma, uma relação sólida de amizade e respeito com grandes nomes da música brasileira. Entre os quais estão Gal Costa, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Djavan, Tiago Iorc, Anavitória, além do próprio Moska. Tal relação se estende para o público brasileiro que sempre tem recebido o artista com muito carinho.

Não foi diferente no show de lançamento, no Rio de Janeiro, de seu novo álbum Tinta y Tiempo, na última quinta-feira (22) no Qualistage, na Barra, que estava praticamente
lotado (3.500 pessoas sentadas).

Drexler começou seu show quase que pontualmente, pouco depois das 21h, horário marcado, aquecendo o público com a música “El Plan Maestro”. Ao longo de duas horas, ele apresentou as dez faixas de seu novo álbum, que tem grande diversidade rítmica, com canções que falam sobre amor, arte e laços familiares. O artista também desfiou outros grandes sucessos, como “Inoportuna”, “Me Haces Bien”, “Luna de Rasquí” e “Todo se Transforma”.

A música “Salvapantallas”, feita para seus irmãos, foi dedicada aos irmãos Moreno, Zeca e Tom Veloso, que estavam na plateia. O artista também lembrou de sua mãe Lucero, já falecida, a quem dedica a música “Duermevela”. O show no Rio aconteceu um dia após seu aniversário de 58 anos, no dia 21 de setembro, comemorado em grande estilo entre artistas brasileiros como Caetano, e dois dias após ele ter sido indicado em nove categorias do Grammy Latino, entre elas “Melhor Álbum” (Tinta y Tiempo) e “Melhor Canção” (Tocarte).

“Eu celebro sempre. Quem celebra sempre acerta. Só de terminar o álbum, eu já me senti vitorioso”, disse Drexler em relação a seu feito, com sua habitual modéstia.

Refletindo suas relações e sua conhecida admiração por nossa música, o show contou com a “presença” de alguns artistas brasileiros. Não bastasse ter cantado “Vento Sardo”, single gravado com Marisa Monte entre Brasil e Espanha, e a já citada “La Edad del Cielo”, gravada por Moska em português, Drexler aventurou-se pela primeira vez a tocar em público a
música “Que tal um samba”, de Chico Buarque.

“Viva à elegância”, disse antes de começar a cantar, fazendo menção ao artista. “Sempre que eu penso em dizer alguma coisa, vejo que o Chico já disse muito melhor”, emendou no seu português perfeito para delírio do público. O show também teve seu momento político. Sem deixar transparecer muito sua posição, mas já deixando, Drexler ponderou que torce pela melhora do cenário político no Brasil e que é preciso ter respeito pela opinião alheia. Em seguida ganhou de uma pessoa da plateia um leque com bandeira do Partido dos Trabalhadores e o nome de Lula. Foi aplaudido.

Nota 10 em interação com o público, Drexler também lembrou que em 2022 estão se completando 30 anos desde o lançamento de seu primeiro álbum “La Luz Que Sabe Robar”, em 1992. “Era o tempo da fita-cassete ainda e vendemos fabulosas 33 cópias”, observou ele para riso geral. “Eu comecei a fazer um relativo sucesso já tarde, por volta dos 40 anos, idade em que muitos artistas já estão estabelecidos”, completou.

Adepto do trabalho em equipe, Jorge é um artista generoso que valoriza os músicos de sua banda, dando holofote para cada um deles. “Todos aqui têm seus trabalhos solos”. No quesito igualdade de gênero a produção também acerta, uma vez que a banda é formada por seis músicos: três mulheres e três homens. Meritxell Neddermann (teclados e voz), Alana Sinkëy (voz), Miryam Latrece (voz), Javier Calequi (guitarra e voz), Carles “Campi” Campón (baixo e programações) e Borja Barrueta (bateria e percussão), este há 17 anos com Drexler. Após quatro música de bis, o show acabou por volta das 23h30 e deixou um gostinho de quero mais na plateia. Até breve, Jorge!

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8 thoughts on “Jorge Drexler encanta público do Rio de Janeiro com seu novo álbum e pede respeito à opinião alheia

  1. Maravilhoso o texto

  2. George Patiño. Que texto espetacular! Parabéns!

  3. Que linda crítica, com muito conteúdo! Parabéns, Patiño!

  4. Excelente

  5. Excelente crítica. Com devida atenção aos detalhes. Muito bom trabalho, meu jovem Amigo,

  6. Parabéns! Senti-me presente neste espetáculo maravilhoso através de suas palavras