Tido como fixo. Como sufixo do nome? Algo importante que diz respeito. Talvez sem tido e sem lido, a imagem se desloca para outra margem procurando a distância da referência, que andou um pouco mais indo atrás do ponto de referência. Tens? Daqui vejo que o poema contorna o locadouro ou seria sumidouro, pois tido como deslocável, o sentido apraia toda extensão do poema, num só deslize de signos que passam aqui acolá, caindo do céu da página até ao pé da letra.
O livro da poeta Lilian Aquino, “Daqui”, pela Editora Patuá, pode ser encantatório como uma flauta. Mas diria que suas beldades vem dos recantos das águas, aquelas que se fingem de “morta”. Mas balançam com as divindades da natureza, como o vento, a folha que cai na água e desce correnteza a baixo. São poemas que a visão urbana demora a perceber, não à toa, a poeta desverticaliza o espaço urbano, tecendo como aranhas com fios de uno e uni uma nova morada do significado, que parece que velho e morto na cidade cinza. O olhar de Lilian é sempre altero, como uma câmera, ela procura posições para estabelecer um plano do olhar que deterá insuspeitadas relocações do ângulo para visão -afeto.
O livro parte destas palavras sem morada fixa com ‘daqui’, você, para referencializar apenas o afeto, mas o grande barato do livro é o não traçado do espaço e do lugar deste afeto. Através de uma agilidade estupenda com a palavra e seus sentidos ela desliza topograficamente alternâncias de deslocamentos das interpretações do livro. É como se o leitor tivesse que ir sai correndo atrás do tido que já sem referência espacial. O sentido desce ao pé da letra, ao pé da página e vira um roda(pé) um rodamoinho de estonteantes belezas semânticas.