Måneskin e a prova de fogo pós-estouro com “Rush!”

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“Sou escória, verdadeira escória, mas sou bom nisso / Não somos punk, não somos pop, somos apenas fanáticos por música”, proclama ‘Kool Kids’, faixa do novo disco da banda italiana Måneskin. Os garotos, que despontaram com a vitória do Eurovision 2021 graças ao sucesso ‘Zitti e buoni’ , estão fazendo sua investida pela dominação pop global com esse quarto trabalho de estúdio, “Rush!”, lançado em 2023. Quarto mas que tem o peso do segundo, já que é o primeiro após o grande estouro mundial. É nele que recai a responsabilidade de a banda mostrar se é uma moda passageira ou se veio para ficar.

Vale lembrar que antes desse triunfo todo, a trajetória para o sucesso no Eurovision foi iniciada com um respeitável segundo lugar no X Factor da Itália em 2017. Isso deixa claro que por mais que pretendam evocar a aura maldita do rock n’ roll de priscas eras, quando o gênero musical era sinônimo de rebeldia e periculosidade, o Måneskin não hesita em se atrelar à natureza um tanto extravagante e teatral do pop contemporâneo. E essa mescla pode perfeitamente ser apontada como a receita do sucesso, que, queira você, roqueiro conservador, ou não, trouxe um novo público para o cada vez mais grisalho rock.

Como era de se esperar, “Rush!” é o trabalho que caminha na direção de sedimentar o sucesso alcançado no anterior. O hedonismo continua dando o tom, com remissões a festas extravagantes, modelos sedutores, excessos e desinibição. Tudo embalado em uma sensualidade acintosa e muita irreverência. Segundo relatos, a banda criou mais de 50 músicas para “Rush!”, colaborando com uma variedade de compositores e produtores de estúdio, incluindo Max Martin, Rami Yacoub, Justin Tranter e outros. Composto por 18 faixas, ao longo de 55 minutos, o álbum ocasionalmente parece um pouco alongado, como se a banda não estivesse disposta a omitir nenhum esforço criativo (ou a fatiar com mais apuro a gordura do filé). No entanto, permanece uma experiência satisfatória, repleta de uma energia estrondosa, mesmo que se torne previsível demais em alguns momentos.

Faixas como ‘Bla Bla Bla’, ‘Gasoline’ e ‘Don’t Wanna Sleep’ exalam uma vibe dance-punk exuberante, lembrando o que poderia resultar se os Buzzcocks tivesse composto ‘Moves Like Jagger’ do Maroon 5. Além disso, a audaciosa colaboração com o guitarrista Tom Morello em ‘Gossip’ possui uma fusão inesperada e estranhamente adequada da essência do Rage Against the Machine e um tango punk, com um toque de Ricky Martin adicionado para completar. Uma das faixas mais acertados do disco.

Os momentos culminantes do álbum se desdobram em suas etapas finais. Måneskin, ao lado de seu produtor de longa data Fabrizio Ferraguzzo, liberam uma série de faixas (algumas cantadas em italiano) que incluem a sinuosa ‘La Fine’, a rebelde ‘Kool Kids’ e a deliciosamente decadente ‘Mammamia’. Nessas canções, o vocalista principal, Damiano David, entrelaça sua voz rouca com os ritmos eletrizantes e vibrantes da banda, criando uma aura cativante de sensualidade.

Com “Rush!”, Måneskin não apenas cumprem a promessa de sua reputação de rock no Eurovision, mas também apresentam um álbum que equilibra com maestria a excentricidade, inovação e empolgação. Se não estabelece um marco no gênero, ao menos passa na prova de fogo pós-estouro.

Måneskin

Måneskin
7 10 0 1
Nota: 7/10 – Ótimo
Nota: 7/10 – Ótimo
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