O que parecia quase impossível aconteceu. Barry Berkman se superou. Ou melhor dizendo: Bill Hader se superou. Após um hiato de três anos, Barry voltou para sua terceira temporada e Hader, o criador/produtor/diretor/astro da série, mostrou todo seu talento multiplicando suas funções atrás das câmeras, através de escolhas ousadas que nos surpreenderam a cada minuto.
Barry (Bill Hader) está na pior após o grande tiroteio na segunda temporada. Também está mal porque seu querido mentor, Gene Cousineau (Henry Winkler) descobriu a verdade sobre ele. Gene, chocado e ainda de luto pela perda da namorada, viverá com medo de Barry, mas verá sua carreira decolar exatamente com a ajuda do ex-aluno. Assim, Gene começa uma jornada de perdão e conserto de erros do passado.
Enquanto isso, Sally (Sarah Goldberg), namorada de Barry, está às voltas com a estreia de seu próprio programa de TV, uma sitcom que ela criou, escreveu, produziu, dirigiu e estrelou baseada em seu próprio passado traumático. Será que sua série, sua grande chance, sobreviverá ao algoritmo que comanda tudo na emissora de TV?
Vemos também novamente os velhos conhecidos NoHo Hank (Anthony Carrigan) e Fuches (Stephen Root). Hank está vivendo um grande amor e envolvido em um negócio de “plantas” que não deixa de ser perigoso. Fuches, por sua vez, está dividido entre viver uma vida idílica e se vingar de Barry.
Cinco dos oito episódios foram dirigidos por Bill Hader – e são não apenas os melhores da temporada, mas alguns dos mais inventivos e estimulantes experimentos que surgiram na TV recentemente. Os outros três episódios, dirigidos pelo também criador e produtor da série Alec Berg, servem como ligação entre os outros episódios, e são por isso também importantes, embora menos criativos e surpreendentes.
Em entrevista ao The Hollywood Reporter, Bill Hader contou que seu sonho sempre foi escrever e dirigir em Hollywood, e seu primeiro papel de sucesso, como cast member da série de comédia transmitida ao vivo Saturday Night Live pode ter colocado Bill em frente aos holofotes, mas intimamente se assemelhava a um pesadelo.
Sofrendo de constantes ataques de pânico no set de SNL, Hader tirou de seus maus momentos inspiração – tal como Sally faz em Barry. Hader e Alec Berg pensaram em como é difícil ser muito bom em algo que alguém não gosta de fazer – comédia de improvisação para Hader, ser um assassino de aluguel para Barry – e assim surgiu a série que já garantiu dois Emmys de Melhor Ator em Série de Comédia para Hader.
Na mesma entrevista, é revelado que os roteiros de todos os episódios da terceira temporada de Barry já estavam prontos antes da pandemia, e as gravações estavam para começar quando o lockdown foi instituído. O cenário pandêmico, que por um lado exacerbou a ansiedade constante com que Hader tem de conviver, por outro deu oportunidade a ele e a Berg para rever os roteiros e melhorá-los, adicionando mais realismo, mesmo que isso significasse um choque para os espectadores e uma diminuição da identificação do público com Barry.
Com alguns personagens atingindo o fundo do poço e outros ganhando reconhecimento e sucesso, a terceira temporada de Barry nos faz mais uma vez torcer por um matador de aluguel deprimido e sem horizontes. Definida como “intensa” por Hader, esta temporada realmente foi de tirar o fôlego – tanto é que faltam palavras para expressar quão bons são os episódios que passam voando. Mas se for necessário eleger uma palavra para definir a série, escolho “honesta”: só com muita honestidade é possível falar de assuntos sérios misturados a humor.
A quarta temporada de Barry já foi confirmada. Será que Bill Hader mais uma vez conseguirá se superar? Tudo indica que “superação” é a palavra que define o multitalentoso Hader.
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